terça-feira, 26 de julho de 2011

Dois Córregos guarda muitas lendas



A cidade de Dois Córregos (73 quilômetros de Bauru) é um dos municípios da região que preserva sua cultura e suas lendas.

São inúmeras histórias que despertam o imaginário da população e de moradores das cidades vizinhas.

Estão divididas por segmentos: Ribeirinhas, Urbanas, Cachoeiras e Canavieiras. Elas estão descritas no Almanaque de Dois Córregos, lançado no ano passado, de autoria de Heusner Grael Pablas.

As Ribeirinhas são as mais conhecidas: A Mãe-do-Ouro, A Menina-do-Ouro, As Canoas sem remo e o Unhudo da Pedra Branca.

As urbanas são compostas pelas lendas A Água da Nhá Eva e A Noiva do Jardim. As cadastradas na categoria Cachoeiras são A Noiva da Cachoeira do Vernier e a O Cavaleiro Vestido de Branco. Na categoria Canavieiras, figura a lenda O Caminhão Fantasma.

A Menina-do-Ouro é uma lenda que possivelmente tenha surgido no tempo da Monções. Recebeu esse nome porque a tal menina teria longos cabelos loiros e costumava atrair crianças para o interior da floresta, fazendo-as se perder na mata.

Outra possibilidade é que à época havia muito ouro e acreditava-se que o metal só poderia ser encontrado com a ajuda do sobrenatural, daí o papel das lendas.

Diz a lenda que ela mora no vale do rio Tietê e costuma aparecer na beira do mato, onde normalmente as crianças ficam brincando.

Ela faz sinal para que as vítimas sigam seus passos em direção à floresta. Depois de um certo tempo, a Menina-do-Ouro, que sempre caminha à frente, desaparece.

Só então as crianças percebem que estão perdidas na mata e com dificuldades para encontrar o caminho de volta.

Em 1861, a Menina-do-Ouro teria aparecido na margem esquerda do Rio Tietê, proximidades da fazenda Quebra Pote, onde os irmãos Armira de Andrade Leite e José Sebastião brincavam. A simpatia da Menina-do-Ouro atraiu os irmãos que a seguiram mata a dentro.

Quando o sol se pôs, a entidade desapareceu e os irmãos ficaram perdidos. Só então perceberam o perigo, especialmente porque naquela época as matas abrigavam a temível onça-pintada, além de outros animais selvagens.

As crianças, já na madrugada, teriam ouvido o sino da canoa que trafegava pelo Rio Tietê. O sino era comum nas embarcações do final do século 19.

O barqueiro teria ouvido o choro das crianças e fez o socorro. Os dois foram reconhecidos como sendo filhos do pescador Eliaquim, seu colega de profissão.

A hipótese da lenda ser originária da fase das Monções começou com a história de que os paulistas desciam o rio Tietê em sucessivas expedições para chegar ao Mato Grosso, onde o ouro havia sido achado. Naquela época, a descoberta, quase sempre, estava ligada às lendas.


Tapa do Unhudo faz a vítima atravessar o rio Tietê


Imagine encontrar uma entidade de cabelos longos, chapéu de palha esfiapado, unhas grandes semelhantes a garras e dois metros de altura.

Quem quiser ver de perto essa figura fantástica, considerada um morto-vivo e batizada de Unhudo, pode procurá-lo em uma das pequenas grutas do monte Pedra Branca, entre os municípios de Dois Córregos e Mineiros do Tietê. Dentre as lendas, a do Unhudo é a que mais divulgada na região e em todo o estado.

Tido como benfeitor da mata, ele aparece, de acordo com a lenda, nas imediações da Pedra Branca quando algum intruso resolve colher jabuticabas silvestres e orquídeas naquele local.

Mas todas as pessoas que entram na floresta correm o risco de irritar o Unhudo e experimentar seu tapa que costuma arremessar a vítima para o outro lado do rio Tietê.

Outra característica da entidade seria repetir a fala cantada dos boiadeiros que frequentavam a região, na hora de tocar os bois. Diz a lenda que quando o boiadeiro gritava – Ôh! Boi!, o Unhudo repetia, como se fosse um eco.

Um dos ‘causos’ contado na cidade é do lavrador Zé Ramos. Segundo seu filho Neguito Ramos, que mora na zona urbana de Dois Córregos, certa vez seu pai entrou na mata da Pedra Branca para catar jabuticabas silvestres.

Quando estava no alto de uma jabuticabeira, ouviu uma voz rouquenha, que lhe disse: Moço, essa fruteira tá reservada pra mim.

O pai, muito assustado, percebendo que não estava diante de um ser humano e sim de uma entidade perigosa, Zé Ramos sacou sua garrucha e deu dois tiros no perito de Unhudo.

As balas atravessaram o fantasma sem fazer nenhum estrago. No mesmo instante Zé Ramos foi atingido por um tapa do morto-vivo, perdendo os sentidos.

Dois dias depois, o lavrador foi achado no bairro Contendas, que fica próximo do loteamento Docemar, na margem do rio Tietê.

De acordo com o filho, Zé Ramos, depois do episódio, nunca mais foi o mesmo. Se tornou um homem abatido, tanto que a palavra Unhudo passou a ser evitado em sua casa, pois toda vez que isso acontecia, ele se emocionava e ia às lágrimas.


Fratura no braço


Outra aparição do Unhudo aconteceu em 2000, na beira do rio Tietê, mais exatamente na fazenda Água Vermelha.

O pescador Pacílio Inácio Cardoso, conhecido como Cardosinho. Segundo ele mesmo contou, em uma tarde, decidiu ir colher orquídeas na mata do monte Pedra Branca.

Dois amigos o acompanharam e ficaram na beira da mata desafiando o Unhudo, enquanto que ele entrou.

O Unhudo teria saído de um buraco existente na pedra e o agrediu por trás. Ele lembra que antes de ser atacado percebeu que não estava sozinho no mato, mas não teve tempo de virar o corpo e nem viu o Unhudo, pois tomou um tapa forte nas costas que o jogou violentamente no chão. Ele sofreu fratura exposta do braço direito.

Seu gritos de socorro levaram os amigos dele ao local. Foi encaminhado para a Santa casa de Jaú, onde foi submetido a uma cirurgia.



A Noiva do Jardim


Uma tragédia envolvendo uma noiva na cidade de Dois Córregos gerou a lenda. O fato teria acontecido no início da cidade, na antiga capela feita de barro e coberta de sapé, onde seria realizado um casamento, mas o noivo não apareceu. O drama da moça emocionou os convidados.

A noiva, mesmo depois da saída dos convidados, não queria deixar a capela, na esperança que o noivo ainda aparecesse.

Com a ajuda do padre, os pais dela conseguiram retirá-la, somente no período da noite. A moça foi levada para casa e deitou vestida de noiva. Na mesma noite ela morreu.

Foi enterrada com o vestido que ela mesma havia feito e em suas mãos foi colocado um buquê de rosas e margaridas brancas.

A tragédia chocou a população e depois de um tempo surgiu o boato de que a noiva aparecia á meia noite perto da capela.

A Noiva do Jardim só ganharia esse nome depois do jardim ser construído, em 1909. A matriz foi inaugurada em 1911, quando a antiga capela já tinha sido demolida.

Uma das pessoas que teria visto uma das aparições da noiva seria o jardineiro encarregado da praça, no final do século 20.

Ele disse ter visto a moça entrar e sair da igreja, em certa noite. Acredita-se que o espírito da noiva ainda permaneça no local acalentando o sonho do casamento que nunca se realizou.

Na década de 50, jovens faziam vigília na praça que foi construída no local para tentar ver a Noiva do Jardim.

Eles diziam que a noiva surgia e desaparecia na mesma velocidade. Uma senhora que morou na esquina da praça Major Carlos Neves contava que, em 1970, ela teria visto a noiva entrando na igreja.



Fonte:
JCNET

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