quarta-feira, 8 de agosto de 2012

"Não acreditamos, pesquisamos"




Ufólogos e entusiastas que passaram a vida coletando evidências de contatos contam o que descobriram.


Questionar a existência de seres extraterrestres é algo que já passou por muitas discussões de bar. E nunca faltam argumentos acalorados defendendo a existência ou não de seres alienígenas. 


Porém, há quem vá além da discussão e dedique sua vida a estudar fenômenos ufológicos e buscar evidências concretas para provar a existência de alienígenas. 


O Centro de Investigações e Pesquisas de Fenômenos Aéreos Não Identificados (Cipfani) é um desses grupos. Ele funciona em Belo Horizonte desde 1990 e foi fundado com o objetivo de catalogar e estudar casos de aparecimento de óvnis e contatos com seres extraterrestres em Minas Gerais.


De acordo com o pesquisador do grupo, Albert Eduardo, de 54 anos, a ufologia deve ser separada em duas vertentes: a mística e a científica. 


“Na mística, as coisas são subjetivas. Eu trabalho com a linha científica. Não preciso fantasiar algo que já é fantástico por excelência. Meu objetivo é buscar dados, provas e relatos que não podem ser ignorados. Afinal, esses relatos partem tanto de pessoas sem instrução, que habitam áreas rurais, como de pilotos da força aérea”, diz. 





Albert também fala que não acredita que os visitantes extraterrestres estejam aqui em missão de paz. “Eles estão aqui para pesquisar o nosso meio ambiente e vão fazer o que for preciso para conseguir o que querem. Não estou dizendo que vieram para dissipar a humanidade, mas eles têm uma agressividade muito grande nos contatos com humanos, seja física ou psicológica.” 


Também pesquisador da Cipfani, Paulo Werner, de 39 anos, afirma que “muitos governos já admitiram a existência de óvnis e intervenções de outros planetas na Terra. Países como Uruguai, Chile e França já abriram todos os arquivos confidenciais para que o público tenha acesso”. 


Para tentar preparar melhor a Terra para uma possível invasão alienígena, a Cipfani desenvolveu o Projeto Contato, que visa monitorar áreas em Minas Gerais onde há grande incidência de fenômenos ufológicos, como a Serra do Cipó e o Sul do estado. 
 
 
“Nós queremos visitar esses locais em determinadas épocas do ano para tentar registrar fenômenos utilizando equipamentos de tecnologia avançados como softwares de astronomia, filmadoras e câmeras fotográficas que vão nos ajudar a fazer essa catalogação. Podemos até tentar fazer contato com as naves através de feixes de luz, mas esse não é o nosso propósito principal.”
 

Fora da Cipfani existem outras pessoas que documentam suas descobertas e experiências. O ufólogo Antônio Faleiro, de 71 anos, começou a se interessar pelo estudo da ufologia ainda criança em Passa Tempo, onde costumava observar o céu junto com o pai, que também acreditava na existência de seres extraterrestres. 
 
 
Em 1957, passou a dedicar-se ao estudo dos UFOs e chegou a trabalhar para a aeronáutica brasileira investigando objetos aéreos não identificados. De acordo com ele, Minas Gerais é uma área que atrai ETs, talvez por causa do minério, que seria um importante objeto de estudo. 
 
 
Ele conta que, além dos casos que aconteceram com ele, ocorrências na região frequentemente chegam ao seu conhecimento. 
 
 
“Geralmente essas coisas acontecem com gente da zona rural, pessoas muito simples, sequer sabem que existem outras galáxias, então é muito difícil elas estarem inventando essas histórias”, diz.
 
 
Faleiro já publicou quatro livros relacionados à ufologia: Meus contatos com os óvnis, Discos voadores e seres extraterrestres no folclore brasileiro, Aparições divinas ou óvnis e ETs no Brasil. Nessas obras ele destrincha a forma como os extraterrestres estariam incluídos em nossa sociedade de forma incontestável. 
 
 
No livro Meus contatos com os óvnis, ele conta as experiências próprias de interação com seres extraterrestres. O primeiro contato teria sido estabelecido em 25 de outubro de 1981. Antônio dirigia sua moto por uma estrada rural e viu uma luz muito forte no topo de um morro, próximo a Passa Tempo. 
 
 
“Eu conheço aquele lugar e sei que no topo daquele morro não tinha como haver o farol de um carro ou qualquer outra luz como aquela. Pisquei o farol da minha moto três vezes e o óvni me respondia com o mesmo número de piscadas. De repente, o objeto voador começou a flutuar acima do chão, eu fiquei com medo e fui embora. Mas percebi que o disco voador estava me seguindo. Quando cheguei em casa, escutei alguns barulhos, e depois fiquei sabendo que outras pessoas viram o disco voador próximo da minha casa naquela noite. Nos dias que se seguiram, minha esposa chegou a ver uma luz caminhando pelos cômodos da nossa casa. E eu vi a criatura em um momento, à noite, na escola onde trabalhava, mas ela logo desapareceu”, conta. 
 

Em Belo Horizonte também há histórias de avistamentos. O desenvolvedor de softwares Jorge Ibrahim Abbud, de 48 anos, afirma ter visto um óvni em 1973 no Bairro Sagrada Família. A experiência foi tão marcante que ele começou a estudar a ufologia. 
 
 
“Minha pesquisa mais fundamentada é sobre as torres que existem na superfície da lua e podem ser vistas em fotos que estão no site da Nasa. Com certeza essas torres não foram colocadas lá por seres humanos”, fala. 
 
 
 

Outra teoria apresentada por Jorge é que existem também os seres intraterrenos. De acordo com ele, “a terra é oca com duas entradas, uma em cada polo, e há seres que vivem lá dentro e cuja intenção é nos dominar. Já estão dominando, tanto é que a gente acorda de manhã, trabalha todos os dias para ter dinheiro e ser escravos do consumo. Os seres intraterrenos estão envolvidos nesse esquema. Provavelmente vivem dentro da lua também, e isso explicaria as torres que lá existem”. 

 
A dona de casa Ione Gosling, hoje com 77 anos, mudou a forma de pensar depois que presenciou um fenômeno ufológico. Ela conta que, em meados dos anos 1980, estava em sua casa no Bairro Sto. Agostinho, em BH, junto com a mãe e as duas filhas quando viu um grande clarão no céu. 
 
 
Para não alarmar a mãe, disse que se tratava apenas de uma pipa voando. Porém, ela sabia que aquilo era algo muito mais extraordinário. Depois dessa experiência, passou a se interessar pelos estudos ufológicos. 
 
 
Participou de alguns grupos que visitavam localidades onde óvnis haviam sido avistados para conversar com as pessoas que estavam presentes durante os acontecimentos e descobrir um pouco mais. 
 
 
“Eu tinha inúmeros amigos que se interessavam por óvnis. Isso era muito importante, pois eles eram as únicas pessoas com quem eu podia falar sobre isso. Minha família sempre achou que eu era doida. Mas hoje o meu grupo de amigos se dispersou e alguns faleceram, por isso eu fico mais em casa pesquisando só na internet mesmo”, conta. 
 

À frente do programa de TV Realismo Fantástico, que foi ao ar no canal CBH durante oito anos, o jornalista César Vanucci conta que já chegou a realizar entrevistas intrigantes sobre fenômenos ufológicos conhecidos mundialmente. 
 
 
Sobre o caso Roswell, ocorrido em 1947 no estado do Novo México, nos EUA, ele entrevistou o Dr. Jesse Marcel Junior, filho do coronel da Força Aérea Americana responsável por anunciar ao mundo que uma nave espacial havia sido encontrada. 
 
 
De acordo com Vanucci, Jesse conta que o pai chegou em casa transtornado com um pedaço dos destroços da nave espacial que havia se acidentado. 
 
 
Cerca de 24 horas depois, o coronel foi obrigado por seus superiores a declarar publicamente que estava equivocado em anunciar a existência do óvni e que se tratava apenas de um balão meteorológico.
 
 
César passou a vida observando e escutando histórias de avistamentos e afirma ter um grande acervo de dados e registros com filmagens de discos sobrevoando a Praça do Papa, na capital mineira. 
 
 
“Sou apenas um observador na condição de jornalista e procuro buscar informações sobre esses fenômenos transcendentes e desafiadores da realidade”, conta. 
 



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