Os moradores e visitantes de Ilhabela, a 198 km de São Paulo, já podem conhecer os vestígios daquele que é apontado como o morador mais antigo da ilha.
Uma exposição inaugurada na terça-feira (9) apresenta pela primeira vez ao público uma ossada humana de 2 mil anos, encontrada por acaso em um terreno da região.
“É o primeiro esqueleto humano retirado de um sitio arqueológico de Ilhabela”, conta a arqueóloga Cíntia Bendazolli, que participou da descoberta da ossada, no ano passado.
Os arqueólogos recuperaram dentes, pedaços de ossos do crânio, das costelas, dos braços e pernas. Pelo estado dos fragmentos, foi possível afirmar que a ossada era de uma pessoa do sexo masculino, que morreu, aproximadamente, aos 45 anos de idade.
"Sabemos que pela análise do desgaste dentário ele era um homem velho e havia algumas lesões que são possíveis de serem evidenciadas como uma infecção muito grave que atingiu partes do fêmur e dos ossos”, detalha Cíntia.
Uma amostra dos ossos foi enviada para análise nos Estados Unidos. “Sabíamos da existência de alguns povos devido a restos primitivos encontrados, mas não tinha datação", complementa Cíntia.
Segundo ela, a descoberta derruba a hipótese de que a ilha era desabitada antes da chegada de colonizadores portugueses. “Não se sabia há quanto tempo seres humanos viviam ali.
Vários documentos dizem que quando chegaram os primeiros colonizadores, o local era desabitado. Isso (a descoberta da ossada) mostrou que a ilha é habitada há 2 mil anos. Ele é de uma população que se extinguiu há mil anos”, diz Cíntia.
Segundo a arqueóloga, esse indivíduo faz parte de uma população primitiva, os homens de sambaquis, que viveram na costa brasileira num período entre 7 mil anos e mil anos atrás - de 5 mil A.C. ao ano mil -, antes dos índios tupis-guaranis e da chegada portuguesa.
Descoberta
Os ossos foram encontrados em uma praia a 12 km do centro ao norte de Ilhabela, abrigados sob pedras, na entrada de uma gruta. Segundo a arqueóloga, foi essa proteção e a distância do mar que preservaram o material por tanto tempo.
No terreno ainda há resquícios dos sambaquis, que eram formações feitas de conchas, onde os chamados homens de sambaquis sepultavam os mortos.
O dono do terreno, Aloísio Araújo, se surpreendeu com o achado. Ele havia contratado a equipe de arqueólogos para fazer um estudo antes de construir uma casa no local. "Isso é bom para o Brasil e para Ilhabela. Agora temos que preservar o achado e divulgá-lo."
Fonte: G1
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