quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Meteorito pode dar "carona" a micróbio

A cápsula Foton-M3, recolhida no Cazaquistão, com amostras circulares de rocha do experimento Stone-6 afixadas em seu casco


Há muitas pedras de cor clara no caminho dos caçadores de meteoritos marcianos, e todas têm sido ignoradas.

É uma pena, pois algumas dessas rochas sedimentares, que vieram parar na Terra, seriam aquelas com mais chance de revelar fósseis de micróbios com bilhões de anos, caso eles existam.

Em um experimento com um meteorito "artificial", pelo menos, restos fósseis de seres vivos sobreviveram ao espaço.

O resultado do teste foi revelado pelo projeto "Stone-6", da ESA (Agência Espacial Européia), há cinco dias, no Congresso Europeu de Ciências Planetárias, na Alemanha.


A importância do experimento é que ele foi feito com rochas sedimentares, formadas pela ação erosiva de água e gelo em um passado remoto.


Se existiu vida em Marte, é nessas rochas que há mais chance de encontrar os seus vestígios.


Ocorre que os 39 meteoritos que caíram na Terra e que se tem certeza de que vieram de Marte são todos feitos de rochas vulcânicas, escuras.


Por isso, o local favorito de caça aos meteoritos marcianos é a Antártida, onde as rochas escuras vindas do céu contrastam com a superfície branca do gelo que recobre o continente.


Pouca gente se preocupou em tentar achar meteoritos sedimentares marcianos, pois achava-se que eles seriam desintegrados no atrito com a atmosfera da Terra.


Mas o grupo da cientista Frances Westall, da Universidade de Orleans (França), prova o contrário.


Os pesquisadores incrustaram três amostras de rochas terrestres (semelhantes às do planeta vermelho) no escudo protetor da cápsula espacial Foton-M3, lançada pela ESA, dia 14 de setembro de 2007 e recuperada 12 dias depois.


A primeira amostra era uma rocha vulcânica, que não sobreviveu ao choque da reentrada na atmosfera terrestre, quando a velocidade da cápsula chegou a 29 mil quilômetros por hora e se aqueceu a 1.700C. A amostra se descolou do escudo.


As outras duas amostras sobreviveram. Uma das rochas, feita de areia vulcânica com fósseis de bactérias se formara há 3,5 bilhões de anos, numa época em que as condições na Terra e em Marte eram muito parecidas.


Apenas metade da amostra foi arrancada pelo calor. Os fósseis, analisados por microscópio, permaneceram reconhecíveis.


A terceira amostra era uma argila petrificada, de 370 milhões de anos, com sinais químicos de vida. Somente 26% da amostra sobreviveu, mantendo traços das substâncias bioquímicas.


Bactérias modernas que vivem dentro de rochas foram colocadas atrás de cada amostra. Todas morreram carbonizadas, mas traços de seus corpos foram preservados.


"Traços de vida em sedimentos marcianos podem ser encontrados na Terra", diz Westall. E segundo ela, o contrário também vale: traços de vida em sedimentos terrestres podem ser encontrados em Marte.


Fonte: Folha Online



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