Na vida real, poucos dinossaurinhos imitariam o célebre Baby, de "A Família Dinossauro", gritando "Não é a mamãe!" -- simplesmente porque, de acordo com uma nova pesquisa, os responsáveis pela maior parte do cuidado com os filhotes entre os dinos eram os pais, e não as mães dos bichos.
Outra reconstrução de troodonte, desta vez cuidando dos ovos (Foto: Bill Parsons/Divulgação)
O padrão é muito parecido com o que se vê entre algumas aves hoje, sugerindo que a origem da paternidade carinhosa entre os penosos teria começado na Era dos Dinossauros.
A pesquisa, que está na edição desta semana da revista acadêmica americana "Science" , é um excelente exemplo de como um pouco de criatividade científica ajuda a reconstruir com precisão o comportamento de bichos extintos há milhões de anos.
Usando apenas a anatomia dos fósseis, bem como a posição em que eles foram encontrados, a equipe liderada por David J. Varrichio, da Universidade do Estado de Montana, conseguiu demonstrar o envolvimento direto dos machos na criação dos filhotes.
Um ninho de troodonte com 22 ovos, arranjados em pares (Foto: Museu das Rochosas/Divulgação)
A rigor, a "paternidade responsável" só vale para um tipo específico de dino -- alguns membros pequenos e ágeis do grupo dos terópodes, os carnívoros bípedes que são ancestrais diretos ou primos próximos das aves.
É de se supor que os famosos Velociraptor, vilões da série "Parque dos Dinossauros", façam parte desse grupo, embora ainda não haja evidências diretas disso.
No osso
A pista inicial com a qual os paleontólogos trabalharam foi a descoberta de restos de três pequenos terópodes adultos -- das espécies Troodon formosus, Oviraptor philoceratops e Citipati osmolskae -- que morreram em cima de ninhos cheios de ovos.
Outro indício importante é a quantidade e o tamanho de ovos nessas ninhadas. O interessante é que há uma correlação entre esses dados e o tipo de "criação" de cada espécie -- ovos numerosos e volumosos normalmente são chocados pelo pai, e não pela mãe, por exemplo, entre as aves modernas.
Isso acontece porque o gasto de energia e nutrientes para produzir esse tipo de ovo é tamanho que a fêmea simplesmente não daria conta de botá-los e ainda por cima chocá-los e alimentar os filhotes.
Até aí, de fato, os dinos estudados parecem se encaixar nesse padrão. Mas o indício-chave veio mesmo quando os cientistas "dissecaram" os fósseis, cortando-os e examinando os ditos cujos no microscópio.
Melhor ainda, esse mesmo tipo de osso já foi identificado em mais de um dinossauro.
Ora, o que acontece com as espécies encontradas em seus ninhos? Nenhuma tem osso medular, o que muito provavelmente significa que os indivíduos em questão eram machos.
Os pesquisadores apostam que a vida sexual dos bichos era muito parecida com a de avestruzes, emas e outras aves "primitivas": machos polígamos (com "haréns" de fêmeas) que se responsabilizavam por chocar os ovos e cuidar das crias.
Fonte: G1
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