sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Nazista Josef Mengele criou “cidade dos gêmeos” no Rio Grande do Sul, diz jornal

CÂNDIDO GODÓI - Uma em cada cinco gestantes na cidade gaúcha dá à luz gêmeos


O médico Josef Mengele, cuja missão no regime de Adolf Hitler era criar uma raça superior, teria chegado a Cândido Godói em 1963, onde se ofereceu para tratar de gestantes e lhes dar drogas experimentais.

Depois de sua chegada, a média de nascimento de gêmeos é de um a cada cinco partos – quase todos loiros e de olhos azuis.

Mengele com o uniforme da SS: o Anjo da Morte, responsável por testes genéticos nazistas, morreu no Brasil em 1979


O regime nazista de Adolf Hitler tinha como uma de suas maiores ambições criar uma raça “pura”, ariana, para se tornar predominante na Alemanha.

Essa missão foi confiada ao médico Josef Mengele, conhecido como Anjo da Morte por escolher quais presos em campos de concentração seriam executados ou serviriam de cobaias para seus estudos.

Até hoje, não se tinha conhecimento de que alguma de suas experiências genéticas tivesse sido levada até o fim. Mas o caso de Cândido Godói, no Rio Grande do Sul, por onde ele passou nos anos 1960, pode mudar essa história.


Entrada de Cândido Godói a "Terra dos Gêmeos"


No livro Mengele, o Anjo da Morte na América do Sul, o historiador argentino Jorge Camarasa diz que o médico alemão é o responsável pela alta incidência de gêmeos no pequeno município gaúcho – uma ocorrência a cada cinco partos.

Na maioria dos casos, as crianças nascem loiras e de olhos azuis, modelo considerado ideal por Hitler. As informações são do jornal inglês Daily Telegraph.

Por muitos anos, pesquisadores tentaram entender por que Cândido Godói, de apenas 6,6 mil habitantes, registra uma taxa de nascimento de gêmeos tão elevada – a incidência normal é de uma gestação a cada 80.

Camarasa diz que o primeiro casal de gêmeos da cidade nasceu em 1963, justamente o ano dos primeiros relatos da passagem de Mengele por aquela região.

O médico fugiu da Alemanha logo após a Segunda Guerra Mundial e passou a viver clandestinamente na América do Sul.

Mengele nos anos 70

Depois de viver em uma colônia alemã no Paraguai, passou a fazer viagens constantes a Cândido Godói, também uma comunidade fundada por descendentes de alemães, perto da fronteira com a Argentina.

“Há testemunhas de que ele fez o tratamento de algumas grávidas, acompanhou as gestações e deu a elas novos tipos de drogas”, diz o historiador.

No começo, ele se apresentou na cidade como veterinário e até fez alguns experimentos de inseminação artificial em vacas, mas depois tornou-se uma espécie de médico rural.

“Todo mundo se lembra de que ele costumava tirar sangue das pacientes e guardar amostras’, afirma Anencir Flores da Silva, médico e ex-prefeito de Cândido Godói que se dedicou a investigar a passagem de Mengele pela cidade.

O agricultor Aloísio Finkler diz que se lembra das visitas do médico. “Ele parecia ser um homem culto e digno”. Mengele morreu no Brasil, em 1979, sem ter sido julgado por seus supostos crimes cometidos durante o nazismo.

Ainda não há nenhuma evidência científica de que as experiências eugenistas de Mengele foram bem-sucedidas, mas Jorge Camarasa tem convicção de que a “cidade dos gêmeos” no Rio Grande do Sul, que até tem um museu sobre sua peculiaridade demográfica, é a concretização do sonho do médico nazista de uma raça superior.


Fonte: Época/ Telegraph


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