Uma pesquisa do Imperial College de Londres indica que uma chuva de meteoritos que atingiu a Terra e Marte há 4 bilhões de ano pode ter deixado os dois planetas mais quentes e mais úmidos.
Os pesquisadores aqueceram rochas espaciais para medir os gases que teriam sido liberados quando os meteoritos entraram na atmosfera dos dois planetas.
A equipe aqueceu 15 fragmentos de meteoritos antigos recolhidos de várias partes do mundo todo usando uma técnica conhecida como pirólise.
Com a técnica, que consiste no uso de eletricidade para aumentar a temperatura dos fragmentos em até 20 mil graus Celsius por segundo, as rochas foram transformadas em gases.
Após análise do processo, os cientistas concluíram que a tempestade de meteoritos há 4 bilhões de anos teria liberado gases suficientes para criar planetas mais quentes e úmidos, com condições mais favoráveis ao surgimento de vida.
O trabalho foi publicado na revista especializada Geochimica et Cosmochimica Acta.
Fonte de água
Os cientistas descobriram que um fragmento médio de rocha liberava 12% de sua massa na forma de vapor de água e 6% como dióxido de carbono.
"Devido à sua (composição) química, existem sugestões de que os antigos meteoritos foram uma forma de fornecer à Terra, logo no início, água em forma de líquido", afirmou o autor da pesquisa, Richard Court.
Em seguida, os pesquisadores do Imperial College usaram modelos matemáticos para calcular o número de impactos de meteoritos ocorridos durante um período específico, há 4 bilhões de anos, conhecido como Bombardeio Pesado Tardio (LHB, na sigla em inglês).
Durante o período, um número extraordinariamente alto de meteoritos atingiu vários corpos do Sistema Solar.
Com base nas estimativas do número de impactos registrados neste período, os pesquisadores acreditam que 10 bilhões de toneladas de água e dióxido de carbono teriam sido trazidos à Terra e a Marte a cada ano.
Os cientistas sugerem que isso, por sua vez, teria levado a um aquecimento dos planetas, à formação de oceanos líquidos e a um ambiente mais habitável.
"Agora, temos dados que revelam o quanto de água e dióxido de carbono foram injetados diretamente pelos meteorito. Estes gases poderiam ter começado a agir imediatamente, estimulando o ciclo da água e esquentando o planeta", acrescentou Court.
Segundo os pesquisadores, a Terra ainda se beneficia com seu campo magnético, que reflete o vento solar e que, naquele período, teria varrido para longe os gases atmosféricos que os meteoritos trouxeram.
Fonte: BBC
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