A Papua Nova Guiné, ao Norte da Austrália, é infestada de crocodilos, que definiram as crenças da região.
O ritual que você vai ver agora não tem muita explicação. Mas acontece todo ano num país distante da Oceania.
Homens se transformam em crocodilos. Isso mesmo. Em crocodilos.
É festa na floresta e o homenageado chegou todo enfeitado, consagrado e provavelmente com o perigosíssimo mau humor comum à espécie dele.
A Papua Nova Guiné, ao Norte da Austrália, na Oceania, é um dos lugares mais misteriosos do mundo. Na terra de borboletas gigantes e do pássaro do paraíso, é bom parar de olhar para cima e prestar atenção onde pisa.
Este é um país infestado de crocodilos. Eles determinaram o comércio no lugar, que explora a venda do couro e definiram também as crenças.
Muitos dos nativos da ilha cultuam o animal como um deus criador do mundo. Homens acreditam que seus ancestrais eram descendentes dos crocodilos.
Uma vez por ano, acontece a festa em homenagem ao animal adorado. No traje adequado para a ocasião, casacos de pele. Vivos. Os convidados amarram pequenos crocodilos nas roupas.
No meio da dança e da música, uma das comunidades festeiras preserva um assustador ritual de iniciação. Veja no vídeo homens e mulheres da tribo Kaningara.
Quando eram jovens, passaram pelo ritual. Exibem as marcas deixadas por ele e têm orgulho de se parecer com os crocodilos.
Agora, outros meninos e meninas buscam esse prestígio terreno e a proteção divina. É isso que o ritual oferece. Têm entre 15 e 20 anos e estão enclausurados na casa dos espíritos, a oca onde são preparados para o grande momento.
Nos homens, o trabalho começa no peito. Os cortadores abrem com lâminas feridas profundas. São cortes que tentam reproduzir o desenho visto no couro dos crocodilos.
Um dos jovens não aguenta a dor. Se levanta, ouve conselhos dos mais velhos. Tenta recomeçar. Mas não consegue completar a sessão nas costas. Os outros quatro meninos vão até o fim.
Os mesmos cortadores recebem, então, as meninas. Nelas, os cortes são feitos só nas costas. No fim da sessão, estão tontas de dor. Precisam ser amparadas.
O chefe Kaningara afirma que a tradição vai ser mantida e explica que a iniciação é um segundo nascimento. Dessa vez, com a benção dos crocodilos.
Os jovens mostrados na reportagem foram batizados em agosto. A cicatrização das feridas e a aparência de crocodilo ainda não vieram. O orgulho de ter passado pelo ritual, sim.
Fonte: Globo.com
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