As ruínas de São João Marcos, cidade histórica do Vale do Paraíba demolida para dar lugar a uma barragem no início dos anos 40, reapareceram após um minucioso trabalho de arqueologia.
Destruídas a marretadas, as antigas construções chegaram a ficar submersas. Agora a região será transformada em parque arqueológico e aberta à visitação.
"É a Pompeia brasileira", entusiasma-se Mozart Vitor Serra, diretor do Instituto Light, que está recuperando São João Marcos.
É a primeira vez no País que uma cidade inteira é recuperada por arqueólogos, atesta Jandira Neto, coordenadora de projetos do Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB), que está à frente dos trabalhos. "O que nós temos são fragmentos, pedaços de cidade. Nunca a cidade inteira", afirma.
As equipes do IAB encontraram as ruas com calçamento em pé de moleque e pedra-de-mão, a estrutura do antigo casario e de prédios como a prefeitura, a funilaria e a casa do capitão-mor.
Parte das torres da Igreja de São João Marcos também está à mostra - a estrutura era tão forte que precisou ser dinamitada.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário é outra que foi localizada. As fundações do Teatro Tibiriçá estão à mostra, mas os arqueólogos não conseguiram chegar ao piso - em alguns pontos, há mais de um metro de terra sobre as ruínas.
Para achar tudo isso, foram necessárias duas etapas de trabalho - a primeira, em agosto do ano passado, para fazer um levantamento preliminar. A segunda, encerrada na última semana de setembro, para delimitar os sítios arqueológicos.
São João Marcos, fundada no século 18, foi uma das grandes produtoras de café do Vale do Paraíba, cercada por 70 fazendas.
Por conta da riqueza gerada pelo grão, no século 19 a vila tinha escola pública, teatro e uma rodovia - a primeira do País - para escoamento do café até o Porto de Mangaratiba.
Em 1880, 20 mil pessoas viviam ali - era a cidade mais populosa do Estado do Rio, depois da capital. Por sua importância, foi tombada pelo patrimônio histórico nacional em 1939.
Mas veio a decadência do café e havia a necessidade de gerar energia. Em 1909, a Barragem de Ribeirão das Lages já havia alagado fazendas no entorno.
A capital da República precisava de mais energia. Houve a decisão, então, de aumentar a barragem.
Em 1940, o presidente Getúlio Vargas assinaria decreto "destombando" São João Marcos e determinando a desapropriação das terras.
A cidade foi derrubada e a população, indenizada pela Light and Power, mudou-se para Rio Claro (RJ). São João Marcos chegou a ser inundada. Mas por pouco tempo. A concessionária de energia mudou os planos e o mato cobriu as ruínas.
"São João Marcos é um exemplo do que não deve ser feito em termos de geração de energia, de represa.
Hoje ressurge a São João Marcos da década de 40", disse o secretário de Cultura e Comunicação de Rio Claro, Ronaldo Lupi.
Fonte: Estadão
Destruídas a marretadas, as antigas construções chegaram a ficar submersas. Agora a região será transformada em parque arqueológico e aberta à visitação.
"É a Pompeia brasileira", entusiasma-se Mozart Vitor Serra, diretor do Instituto Light, que está recuperando São João Marcos.
É a primeira vez no País que uma cidade inteira é recuperada por arqueólogos, atesta Jandira Neto, coordenadora de projetos do Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB), que está à frente dos trabalhos. "O que nós temos são fragmentos, pedaços de cidade. Nunca a cidade inteira", afirma.
As equipes do IAB encontraram as ruas com calçamento em pé de moleque e pedra-de-mão, a estrutura do antigo casario e de prédios como a prefeitura, a funilaria e a casa do capitão-mor.
Parte das torres da Igreja de São João Marcos também está à mostra - a estrutura era tão forte que precisou ser dinamitada.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário é outra que foi localizada. As fundações do Teatro Tibiriçá estão à mostra, mas os arqueólogos não conseguiram chegar ao piso - em alguns pontos, há mais de um metro de terra sobre as ruínas.
Para achar tudo isso, foram necessárias duas etapas de trabalho - a primeira, em agosto do ano passado, para fazer um levantamento preliminar. A segunda, encerrada na última semana de setembro, para delimitar os sítios arqueológicos.
São João Marcos, fundada no século 18, foi uma das grandes produtoras de café do Vale do Paraíba, cercada por 70 fazendas.
Por conta da riqueza gerada pelo grão, no século 19 a vila tinha escola pública, teatro e uma rodovia - a primeira do País - para escoamento do café até o Porto de Mangaratiba.
Em 1880, 20 mil pessoas viviam ali - era a cidade mais populosa do Estado do Rio, depois da capital. Por sua importância, foi tombada pelo patrimônio histórico nacional em 1939.
Mas veio a decadência do café e havia a necessidade de gerar energia. Em 1909, a Barragem de Ribeirão das Lages já havia alagado fazendas no entorno.
A capital da República precisava de mais energia. Houve a decisão, então, de aumentar a barragem.
Em 1940, o presidente Getúlio Vargas assinaria decreto "destombando" São João Marcos e determinando a desapropriação das terras.
A cidade foi derrubada e a população, indenizada pela Light and Power, mudou-se para Rio Claro (RJ). São João Marcos chegou a ser inundada. Mas por pouco tempo. A concessionária de energia mudou os planos e o mato cobriu as ruínas.
"São João Marcos é um exemplo do que não deve ser feito em termos de geração de energia, de represa.
Hoje ressurge a São João Marcos da década de 40", disse o secretário de Cultura e Comunicação de Rio Claro, Ronaldo Lupi.
Fonte: Estadão
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