quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Buracos negros podem "construir" sua própria galáxia hospedeira, segundo astrônomos

Concepção artística mostra como um buraco negro poderia formar uma galáxia



O que vem primeiro, os buracos negros "supermassivos" que devoram matéria freneticamente, ou as enormes galáxias nas quais eles residem?

Um novo cenário surgiu de um conjunto recente de observações feitas de um buraco negro sem "casa": os buracos negros podem “construir” a sua própria galáxia hospedeira.

Este pode bem ser o elo perdido, há muito procurado pelos astrônomos, que explica por que as massas dos buracos negros são maiores em galáxias que contêm maior número de estrelas.

Saber quem vem primeiro, a galáxia ou o seu buraco negro, é um dos assuntos mais debatidos pelos cientistas na astrofísica moderna, segundo o astrônomo David Elbaz, principal autor do estudo feito com o quasar HE0450-2958, a cerca de 5 bilhões de anos-luz de distância. Esse objeto peculiar, segundo os pesquisadores, não tem uma galáxia hospedeira.

Até agora especulava-se que a galáxia hospedeira do quasar estaria escondida por trás de grandes quantidades de poeira, e por isso os astrônomos utilizaram um instrumento de infravermelho do telescópio VLT (Very Large Telescope), do Observatório Europeu do Sul.

Segundo Knud Jahnke, que liderou as observações feitas no VLT, não foi encontrada nenhuma poeira.

No entanto, foi detectado que uma galáxia sem relação aparente, situada ao lado do quasar, produz estrelas a uma taxa elevadíssima, o equivalente a cerca de 350 Sóis por ano.

Observações anteriores já tinham mostrado que essa galáxia tem sido alvejada: o quasar vizinho liberta um jato de partículas altamente energéticas em sua direção, acompanhado por uma corrente de gás que se move a alta velocidade.

Essa injeção de matéria e energia na galáxia indica que o próprio quasar está induzindo a formação de estrelas e, portanto, está criando sua própria galáxia hospedeira.

A observação sugere que as galáxias se desenvolvem a partir de nuvens de gás atingidas por jatos energéticos vindos de quasares.

“Os dois objetos estão destinados a colidir e fundir-se no futuro”, diz Elbaz. “Embora o quasar ainda se encontre 'nu', ele será 'vestido' quando se fundir com sua companheira rica em estrelas.

Assim, passará finalmente a residir no interior de uma galáxia hospedeira, como todos os outros quasares.”

Agora, a equipe pretende pesquisar objetos similares em outros sistemas.


Fonte: UOL


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