quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Estudo: Mediterrâneo sofreu supercheia há 5 milhões de anos

O Oceano Atlântico atravessa o estreito de Gibraltar


Há 5,33 milhões de anos, o Mar Mediterrâneo se encheu em menos de dois anos com as águas do Oceano Atlântico que atravessaram o estreito de Gibraltar com um volume mais de mil vezes superior ao atual do Amazonas, segundo estudo publicado nesta quarta-feira pela revista Nature.

Antes, durante uma crise salina que se estendeu entre 50 mil e 400 mil anos, o Mediterrâneo ficou isolado do oceano e o estreito de Gibraltar se viu transformado num istmo.

As águas marinhas se evaporaram em sua maior parte e deixaram um lago muito salinizado e cuja superfície era de entre 1,5 mil metros e 2,7 mil metros abaixo do nível atual dos mares.

A cheia do Mediterrâneo aconteceu de forma abrupta, após o desaparecimento do istmo que unia a África e a Europa, segundo Daniel García-Castellanos, membro do grupo de pesquisa do Instituto de Ciências da Terra Jaume Almera, de Barcelona.

"Quase 90% da água passou do Atlântico para o Mediterrâneo num lapso de tempo compreendido entre vários meses e dois anos", segundo os pesquisadores catalães.

"Esta cheia repentina implicou elevações do nível do Mar Mediterrâneo de mais de dez metros diários", calcularam os especialistas.

Estudos anteriores baseados na profundidade do estreito naquela época calcularam que a cheia do Mediterrâneo durou entre dez anos e vários milênios.

Os trabalhos publicados agora pela Nature utilizaram técnicas de estudo dos trechos dos sedimentos para chegar às suas conclusões.

A cheia rápida coincide com as indicações sobre a biodiversidade contidas nos sedimentos, que mostram uma mudança entre o episódio da crise do excesso de sal, marcada por uma grande pobreza da fauna marinha, e o imediatamente posterior, caracterizado por um grande número de espécies.

Segundo a explicação dos cientistas, durante a cheia do Mediterrâneo, "o principal canal começava a algumas dezenas de quilômetros dentro do Atlântico e prosseguia, perdendo gradualmente sua altitude, até o centro do Mar de Alboran (parte ocidental do Mediterrâneo, entre a Espanha e Marrocos)".

"A velocidade do leito ultrapassou os 300km/h", afirmou García-Castellanos.


Fonte: Terra



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