Cientistas franceses instalam equipamento em abelhas para monitorá-las, obter detalhes de seu comportamento e tentar determinar as causas de seu desaparecimento em colmeias de todo o mundo.
Intrigados pelo ainda inexplicável desaparecimento em massa de abelhas em várias partes do globo, cientistas da Acta -Associação para Coordenação Técnica Agrícola, de Lyon, França, estão equipando estas produtoras de mel com microchips dotados de rádios com identificador de frequência, antes de liberá-las na natureza.
Por meio do minúsculo aparelho, além de um equipamento instalado na entrada das colmeias que registra uma série de dados relativos aos insetos, os pesquisadores vêm estudando com maior precisão todo o comportamento das abelhas, de seu nascimento até sua morte. Pela primeira vez, um experimento como esse é realizado em campo.
Seja na Europa, Estados Unidos, China e países da América Latina, as abelhas estão ameaçadas, conclusão a que chegou a 41ª edição da Apimondia, congresso internacional apícola realizado em setembro de 2009 em Montpellier, na França.
Nos Estados Unidos, a população de abelhas vem decaindo há duas décadas e, segundo o Usda, o Departamento de Agricultura americano, o número atual de colmeias, 2,4 milhões, é 25% menor do que nos anos 1980.
O fenômeno, contudo, não é exclusividade dos norte-americanos. De país para país, o decréscimo na população de abelhas pode variar de 20% a 30%, e o prejuízo decorrente desse desaparecimento é drástico, pois as abelhas polinizam 75% das espécies vegetais consumidas pelos seres humanos.
O Brasil, segundo a Confederação Brasileira de Apicultura, não vivencia a mesma situação porque as abelhas brasileiras, conhecidas como africanizadas, possuem genética diferente das afetadas pelo problema.
Se as causas deste sumiço generalizado, conhecido pela sigla em inglês CCD, de 'desordem de colapso de colônias', ainda não foram precisadas, muitas hipóteses já foram sugeridas, como o emprego de pesticidas na agricultura, um ácaro parasita chamado Varroa ou até mesmo a diminuição de floradas em seu habitat.
De momento, os estudos dos pesquisadores franceses já conseguiram atestar, pela primeira vez em condições naturais, a toxidade do pesticida Fipronil, comercializado pela Basf e usado em muitos países.
Mesmo em doses não letais, o produto químico deixa as abelhas desorientadas, provocando uma redução significativa em sua rotina de coleta de néctar, seu senso de direção e, por tabela, sua capacidade de encontrar o caminho de volta para a colmeia.
Fonte: Revista Globo Rural
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