Estudante de biologia descobre espécie endêmica de restingas da Região dos Lagos do Rio de Janeiro. O animal está ameaçado de extinção por causa da degradação ambiental na área.
Uma nova espécie de serpente endêmica da mata atlântica foi descoberta em um remanescente de restinga, ambiente característico de áreas litorâneas, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro.
O animal recebeu o nome provisório de Tantilla sp. Embora recém-descoberta, a serpente já é considerada ameaçada de extinção por causa da destruição de seu hábitat.
A Tantilla sp. foi encontrada pela estudante de biologia Angele Martins, da Universidade Federal Fluminense (UFF), durante uma pesquisa de campo realizada entre julho de 2008 e março de 2009 como parte de seu trabalho de conclusão de curso.
O estudo fez parte de um levantamento das espécies de anfíbios e répteis presentes no Núcleo Experimental de Iguaba Grande, área de restinga pertencente à UFF.
Seis exemplares da nova espécie foram capturados e depositados na coleção herpetológica do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “A maioria dos animais são machos, mas também conseguimos fêmeas e indivíduos juvenis”, conta Martins.
Para a captura, foram usadas armadilhas de percepção e queda, chamadas de pitfalls. Seu funcionamento baseia-se na utilização de baldes de 60 litros enterrados a cinco metros uns dos outros com a borda ao nível do solo e ligados por uma lona de plástico de 60 centímetros de altura que forma uma espécie de barreira.
A ideia é fazer com que animais rastejantes caiam diretamente nos baldes ou que a queda seja provocada pelo desvio de sua trajetória quando eles se deparam com a lona.
Espécie ameaçada
O estudo concluiu que a nova espécie ocorre apenas na Região dos Lagos (RJ), mais precisamente no Núcleo Experimental de Iguaba Grande, no Pontal do Atalaia (em Arraial do Cabo) e na Fazenda Cordeiros (em São Pedro da Aldeia).
Segundo o orientador da pesquisa, o veterinário Sávio Freire Bruno, da UFF, essas áreas, que abrigam remanescentes naturais de restingas, vêm sendo degradadas devido ao desenvolvimento de atividades humanas e à especulação imobiliária.
“Por ser restrita a um hábitat que está desaparecendo gradualmente, a Tantilla sp. encontra-se em perigo de extinção”, alerta Bruno. E completa: “São necessários mais estudos sobre as restingas para apoiar ações de preservação da sua biodiversidade.”
Fonte: Ciência Hoje
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