Testes químicos realizados no esqueleto sepultado perto de Stonehenge, mostram que o adolescente de 3550 anos cresceu junto ao Mar Mediterrâneo.
O esqueleto de um jovem, de 14 ou 15 anos, sepultado há 3550 anos a menos de cinco quilômetros de Stonehenge e encontrado em 2005, veio do Mediterrâneo, o que demonstra a importância deste local como um destino "turístico". Esta foi a conclusão dos cientistas britânicos responsáveis pela descoberta.
O adolescente, apelidado de "O Rapaz do Colar Âmbar" por ter sido sepultado com uma série de contas de cor âmbar em volta do pescoço, é apenas um dos muitos restos mortais "estrangeiros" encontrados junto a Stonehenge, cuja razão da sua existência é desconhecida.
Grandes distâncias até Stonehenge
Jane Evans, do Serviço Geológico Britânico, disse hoje à Associated Press que esta descoberta, datada de 1550 A.C. "realça a diversidade daqueles que vinham até Stonehenge de toda a Europa".
Estas afirmações foram apoiadas por Timohy Darvill, um estudioso deste local, que num e-mail realça a importância deste achado.
"Isto só vem reforçar a ideia de que as pessoas faziam grandes distâncias até Stonehenge, o que indica que este seria um local de culto. Percorrer grandes distâncias era mais comum do que normalmente se pensa".
O colar do esqueleto encontrado em 2005 foi uma das provas para o identificar como um dos visitantes.
A ligação ao Mar Mediterrâneo foi feita através de uma técnica, conhecida como análise isotópica, que mediu a proporção de estrôncio e de oxigênio no esmalte dentário.
As várias regiões têm diferentes misturas de elementos que são absorvidas pelo esmalte dentário, como a água que consumimos, o que permitiu identificar este jovem como vindo do Mediterrâneo.
O Arqueiro é mais antigo
Mas "O Rapaz do Colar Âmbar" é apenas um dos vários visitantes de longa distância desta época.
O "Arqueiro de Amesbury", encontrado junto a Amesbury com várias cabeças de seta de pedra, era do início da Idade do Bronze, e a sua descoberta permitiu encontrar alguns dos mais antigos utensílios em ouro e cobre no Reino Unido. Viveu há cerca de 4300 anos.
O "arqueiro" era oriundo da Europa do Leste e viajou numa altura em que a metalurgia ainda se instalava no Reino Unido.
"Vemos o início da Idade do Bronze como um período de grande mobilidade na Europa. Pessoas, ideias e objetos viajavam muito rapidamente durante um século ou dois " conta o arqueólogo Andrew Fitzpatrick à BBC.
"Na altura em que o rapaz do colar foi sepultado não havia grandes tecnologias chegando a Inglaterra... Temos de olhar para os grupos de pessoas, porque estamos falando de um jovem, percorriam grandes distâncias" disse o arqueólogo de Wessex, especulando que famílias viriam de longe porque Stonehenge era já na altura um sítio muito importante e incrivelmente conhecido. "Mas não sabemos isso..." concluiu.
Estas descobertas serão discutidas num simpósio organizado em Londres, que marca os 175 anos do Serviço Geológico Britânico.
O mistério das pedras
Stonehenge existe há mais de cinco mil anos e é, à primeira vista, um aglomerado de menires. Certamente cumpriu uma função cerimonial importante e à sua volta tem várias ruínas e túmulos pré-históricos.
Há quem diga que serviu como um centro de adoração do sol para algum culto primitivo, outros afirmam que seria uma espécie de calendário astronômico e depois há também quem opte pela sempre presente e fácil resposta: é obra extra-terrestre. A incerteza da razão que sempre atraiu inúmeras pessoas a este local é, assim, a única certeza.
Fonte: Expresso/Daily Mail
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