sábado, 26 de fevereiro de 2011

Ciência resolve o mistério do cadáver da jovem Moora, encontrado na Alemanha



A ciência, essa detetive incansável, conseguiu decifrar o mistério de Moora, a menina cujos restos mortais apareceram espalhados em uma área pantanosa perto de Hannover.


Uma primeira análise daquele
cadáver excepcionalmente bem preservado, indicava uma mulher entre 17 e 19 anos que podia ter morrido em circunstâncias suspeitas, porque alguns dos ossos tinham deformidades.

A polícia inicialmente suspeitava que o corpo estava relacionado com o desaparecimento de uma jovem de 16 anos em 1969, nunca resolvido, mas os testes de DNA permitiram descartá-la.

O caso então foi para os arquivos. Cinco anos depois, em 5 de janeiro de 2005, apareceu na mesma área, uma mão direita humana, com as impressões digitais intactas que imediatamente foi associada com os restos.


Restos de 2.600 anos



Os legistas informaram a presença de substâncias próprias de uma mumificação e foi assim que o caso passou para o campo da arqueologia.

Os arqueólogos Hennig Hassmann e Andreas Bauerochse realizaram a datação por radiocarbono na Universidade de Kiel, surpreendendo a todos com uma antiguidade de 2.600 anos.




A menina tinha morrido entre 764 e 515 aC.
Os pesquisadores, antes de começar a trabalhar, a batizaram como Moora, pois pântano em alemão é Moor.

Graças a uma equipe multidisciplinar de paleontólogos, juristas, antropólogos e arqueólogos, sabemos por exemplo, que era canhota, seu cabelo era um pouco avermelhado e que viveu no que é agora a Baixa Saxônia, na Idade do Ferro pré-romana, levando uma vida cheia de dificuldades e sofrimentos.

De acordo com o especialista em ossos Dennis Saring, do Hospital Universitário Hamburg-Eppendorf, a menina sofreu pelo menos duas fraturas parciais do crânio que tiveram tempo de soldar e sofreu longos períodos de doença facilmente associados com longos invernos de privações.

As linhas de crescimento dos ossos revelam que, durante sua infância e adolescência sofreu desnutrição crônica e duro exercício físico que estaria possivelmente relacionado com o transporte de grandes vasilhas cheias de água em sua cabeça.


Reconstrução facial



O semanário Der Spiegel publicou a reconstrução de seu rosto, realizada pela Polícia Judiciária do Estado da Saxônia-Anhalt e especialistas das Universidades de Freiburg e de Dundee (Reino Unido). A reconstrução serviu como um impulso para os investigadores, que naquele momento já estavam encantados por Moora e o projeto para descobrir as causas de sua morte.

Os paleontólogos diagnosticaram que a garota do pântano tinha um tumor benigno na base do crânio, o que acabou causando uma curvatura da coluna vertebral e inflamação crônica nos ossos das pernas. Mas a questão de como e porque 'Moora' morreu continua em aberto.

Uma das principais questões é por que ela estava nua, pois e evidente que não havia vestígios de roupas ou jóias. Outra questão é por que seu corpo não foi cremado, de acordo com os costumes funerários da época.





A equipe de antropólogos acredita que seu trabalho seria atravessar o terreno pantanoso se equilibrando em uma ponte estreita ou ponte de troncos flutuantes na lama levando algum tipo de carga.

A área que cruzava devia ser importante para seu grupo, não apenas como uma fonte de alimentos ou água, mas também pelo seu significado religioso.

O lugar em que apareceram os restos tem sido intensamente estudado, mas não apareceu nada novo,
de acordo com o chefe do Escritório de Monumentos, Stefan Winghart, e a investigação chegou a um impasse, mas o olhar de Moora continua a motivar os investigadores, que sabem que o enigma de sua morte ainda está para ser concluído.


Tradução: Carlos de Castro



Fonte: El Mundo

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