Cientistas alemães disseram ser possível reconstruir uma das duas estátuas gigantes de 1.500 anos de Buda, dinamitadas pelos talebans, no Afeganistão, há 10 anos, em Bamiyan.
Os talebans destruíram as estátuas, no Vale de Bamiyan, em março 2001. O então líder supremo do Taleban, grupo extremista islâmico que controla cerca de 90% do Afeganistão, Mohammad Omar, determinou a destruição de todas as imagens no país, por considerá-las ofensivas.
Até o século 10º, as obras foram o ponto principal de um dos maiores complexos budistas do mundo. O local concentra vários santuários budistas, além de construções do período islâmico.
Os pesquisadores estudaram as centenas de fragmentos de arenito da estátuas -- a maior imagem do buda em pé tinha cerca de 53 metros de altura -- e descobriram que elas eram coloridas em vermelho, branco e azul, segundo o professor e pesquisador Erwin Emmerling, da Universidade Técnica de Munique.
"Os Budas já tiveram uma aparência intensamente colorida", diz Emmerling. Sua equipe descobriu que, antes da conversão da região ao Islã, as estátuas foram pintadas várias vezes, provavelmente porque as cores tinham desaparecido.
Agora, segundo ele, que visitou a região onde ficavam as estátuas cerca de 15 vezes desde 2007, a estátua menor, de 38 metros, poderia ser reconstruída com as peças recuperadas, embora ele diga que existam "obstáculos políticos e práticos"para driblar.
Em um comunicado, a universidade de Munique, na Alemanha, informou que para a conservação dos fragmentos seria necessária a "construção de uma pequena fábrica no Vale de Bamiyan” e cerca de “1.400 pedras pesando até duas toneladas cada” teriam de ser transportadas para a Alemanha.
Emmerling vai apresentar os resultados de sua pesquisa sobre as estátuas em uma conferência da Unesco em Paris, que começou na quarta-feira (2). O governo afegão, cujos representantes estão também presentes na reunião de peritos, vai decidir sobre o destino das estátuas.
Os testes feitos pela equipe de Emmerling em um espectrômetro de massas têm permitido uma melhor determinação da idade das estátuas.
Enquanto isso, as estátuas e seus frágeis fragmentos continuam guardadas em Bamiyan, esperando a decisão de pesquisadores e do governo afegão sobre seu futuro.
A Unesco diz não ser favorável a uma reconstrução das estátuas. A agência da ONU lembrou os 10 anos da destruição das estátuas gigantes de Buda na quarta-feira (2).
Num comunicado, a chefe da agência, Irina Bokova, pediu ao mundo que proteja patrimônios da humanidade de danos, caos e roubos.
Fonte: UOL
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