quarta-feira, 25 de maio de 2011

Geometria é intuitiva às pessoas, diz estudo


Pesquisadores franceses descobriram que indígenas conseguem entender conceitos geométricos sem tê-los estudado formalmente.

No século XVIII o filósofo Immanuel Kant (1724-1804) propôs que o entendimento da geometria nos humanos é fruto de uma intuição inata. Duzentos anos mais tarde, um estudo feito com uma tribo amazônica corrobora esta hipótese.

Pesquisadores franceses e ingleses testaram o entendimento de geometria de membros da tribo Munducuru, no Amazônia, e descobriram que ele é basicamente o mesmo de pessoas que estudaram o tema na escola.

“Embora fossemos simpáticos à proposta de uma intuição inata da geometria do espaço […] tenho de admitir que ficamos surpresos com a robustez das intuições espaciais das pessoas da tribo Munducuru”, afirmou ao iG Véronique Izard, uma das autoras do artigo, da Ecóle Politecnique, na França, publicado na segunda-feira (23) no períodico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

No trabalho, eles verificaram essa intuição de crianças e adultos da tribo em relação a pontos, linhas e superfícies e compararam com o de adultos e crianças americanos e franceses que estudaram matemática. Os resultados foi muito semelhantes entre os dois grupos.

Curiosamente as crianças dos grupos dos Estados Unidos e da França que ainda não haviam começado o estudo da geometria se saíram pior nos testes intuitivos do que os indígenas da mesma idade.

“Para reconciliar estes dois resultados sugerimos duas hipóteses. Primeiro, a geometria é inata, mas se desenvolve a partir de uma certa idade, perto dos 7 anos de idade (como a barba no homem que é inata, porém surge apenas durante a puberdade).

Ou a geometria é aprendida, mas neste caso precisa ser adquirida com base em uma experiência espacial que é muito geral e compartilhada entre [a tribo] Mundurucu e nossos participantes na França e nos Estados Unidos. Talvez [seja fruto] da experiência que advém da forma como nosso corpo se move no espaço”, explicou Véronique

O próximo passo dos pesquisadores será verificar se há diferenças no entendimento da geometria entre os Munducuru.

“Queremos ver se os que vivem em vilas isoladas e os que estão em áreas com construções entendem geometria de forma diferente.

Estamos também desenvolvendo uma pesquisa com crianças de 5 a 6 anos [sem estudo formal de geometria ainda] da França e dos Estados Unidos para ver como elas adquirem o conceito de geometria euclidiana nos primeiros anos de vida.”, afirmou Véronique.


Fonte: IG

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