terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Arqueóloga forense britânica detecta valas comuns em Treblinka



Uma arqueóloga forense britânica, Caroline Sturdy Colls, conseguiu provar através de métodos de investigação modernos a existência de valas comuns no campo de concentração polaco de Treblinka. Num estudo anterior, levado a cabo em 1946, a existência destas campas não tinha ficado provada.

Apesar de não ser tão conhecido como os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, o campo de Treblinka foi outro emblemático local de extermínio nazi na Polônia.

Este campo esteve em atividade entre Julho de 1942 e Outubro de 1943. Durante esse tempo calcula-se que tenham morrido aí aproximadamente 850.000 pessoas, incluindo mulheres e crianças, maioritariamente judeus mas também cidadãos romenos.

Quando os nazis abandonaram o campo de Treblinka, em 1943 (ainda antes do final da II Guerra Mundial, que só terminou em 1945), destruíram todos os edifícios e eliminaram todos os vestígios de que ali pudesse ter existido um campo de concentração, transformando o local numa quinta.

Mas para uma arqueóloga forense equipada com tecnologia do século XXI, os mais leves indícios foram transformados em certezas: Treblinka foi um local onde se mataram e enterraram pessoas durante a II Guerra Mundial.

Estas conclusões serão apresentadas hoje num especial da BBC Radio 4 às 20h00.

Apesar de a investigação de 1946 a eventuais crimes de guerra praticados em Treblinka ter detectado restos mortais humanos no solo e “grandes quantidades de cinzas humanas misturadas com areia e ossos”, os responsáveis por esta investigação sempre disseram não ter detectado vestígios da existência de valas comuns.

A existência destas valas comuns tinha apenas sido descrita por testemunhas que sobreviveram ao campo de concentração.

A dúvida permaneceu, por isso, até 2010, altura em que a arqueóloga forense Caroline Sturdy Colls começou a estudar os campos de Treblinka munida com tecnologias modernas, incluindo um radar de penetração no solo, um levantamento de resistência do solo e aparelhos de imagética electrônica.

Os estudos foram levados a cabo sem recurso a escavações, já que isto é contrário às leis e princípios judaicos, que não permitem, por exemplo, a exumação de restos humanos, indica a BBC.

No final das suas análises, Caroline Sturdy Colls detectou grandes valas comuns em áreas que as testemunhas tinham indicado como albergando zonas de cremação e enterro.

Uma das valas comuns teria 26 metros de comprimentos, 17 de largura e pelo menos quatro metros de profundidade. Mais outras cinco valas - variando em comprimento, largura e profundidade - foram igualmente detectadas pelos modernos aparelhos usados na investigação.

Para além das valas comuns, a investigação terá igualmente detectado dois conjuntos de vestígios que parecem ter sido arquiteturais. Ou seja, poderão corresponder aos locais onde estavam instaladas as câmaras de gás. De acordo com os sobreviventes, estas eram as duas únicas estruturas feitas de tijolo no campo de Treblinka.

As ordens de destruição deste campo de concentração próximo de Varsóvia aconteceram depois de o Exército alemão ter descoberto os corpos de polacos assassinados pela polícia secreta soviética em Katyn três anos antes, convencendo a liderança alemã da importância de se encobrirem os crimes de guerra.





Fonte:
Público.pt

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