Pesquisadores da Usp dizem não se surpreender com novas descobertas.
O
enterro da teoria do Clovis, segundo a qual o homem moderno chegou à
América por volta de 13 mil anos atrás, não foi recebido com surpresa
pelo Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP.
Seus
pesquisadores trabalham em Lagoa Santa, Minas Gerais, e já aventavam a
possibilidade de que nossa chegada ao continente ocorrera pelo menos um
milênio antes. A hipótese de que a porta de entrada seja o Estreito de
Bering, porém, ainda é considerada a mais factível.
— O reinado de
Clovis caiu há tempos. Não vamos gastar vela com este defunto — afirma
Danilo Vicensotto, pesquisador do laboratório. — Mas as novas
publicações deviam prestar mais atenção na análise craniana, que é muito
mais acessível do que obter o DNA dos primeiros homens a chegar aqui.
Embora
levantamentos recentes apontem ascendências curiosas — entre elas, a de
que os europeus têm 2,5% de seu genes provenientes dos neandertais —,
Vicensotto recomenda cautela com o trabalho com o DNA.
— Esses
trabalhos são válidos para uma parcela da população — pondera. — Há
trabalhos semelhantes na Ásia e na Oceania, abordando a herança genética
dos habitantes desses locais. Como, no Brasil, somos um povo
miscigenado, isso poderia refletir em nosso DNA, mas fazer esta
classificação agora, com tanto ainda para descobrir, me parece uma
aventura.
A herança genética, além disso, faz a ciência cutucar
outro vespeiro: o próprio surgimento de nossa espécie. Duas teorias são
discutidas: a saída única da África e a multirregional.
Segundo a
primeira, que conta com uma apertada preferência dos pesquisadores, o
Homo sapiens deixou seu continente de origem pronto, com o DNA de seus
ancestrais africanos.
A multirregional, por sua vez, acredita que houve
trocas entre o sapiens e o Homo erectus, que já colonizava outras
regiões há 1,5 milhão de anos, e por isso seríamos tão diferentes em
cada parte do globo.
Fonte: O Globo Online
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