Em meio à floresta do Camboja o Império Khmer construiu na antiga
capital Angkor sua mais preciosa joia: Angkor Wat.
Abandonado e
desconhecido, o templo de Angkor Wat permaneceu habitado durante séculos
apenas pelos monges budistas e alguns aldeões que nada sabiam contar de
sua história para os ocidentais que ali chegaram no século XIX. Hoje é
um dos destinos mais visitados no mundo.
Angkor Wat – ou "cidade templo", em sânscrito - é maior que qualquer
catedral medieval e protegida por um fosso.
O templo ergue-se nas
regiões alagadiças no centro do Camboja. Sua altura é duas vezes maior
que a da Torre de Londres, representando um dos maiores projetos de
engenharia da história - não apenas pelo tamanho, mas por ter sido
construído sobre água.
Angkor Wat flutua sobre um pântano sustentado por diversas galerias subterrâneas. O local foi construído ao longo de 35 anos (muitas catedrais europeias levaram mais de 200 anos e são frequentes vezes menores que Angkor Wat).
Angkor Wat faz parte do complexo conjunto de templos construídos na zona
de Angkor - a antiga capital do Império khmer - durante a sua época de
esplendor, entre os séculos IX e XV.
No local foram encontradas mais de
mil ruínas de templos com diversos tamanhos e estilos; no entanto,
Angkor Wat é o mais imponente e famoso, sendo considerado o maior
monumento religioso e tesouro arqueológico do mundo.
O templo é o principal representante da arquitetura angkoriana, sendo a sua mais refinada realização, e é também a ultima construção realizada sob influência puramente hinduísta.
O que levou seu rei a construir esse magnifico templo foi a insegurança
causada pela forma como chegou ao poder - usurpando o trono do tio aos
14 anos.
Pretendendo consolidar-se como legítimo rei, Suryavarman II, no
começo do século XII, foi orientado por seus conselheiros e iniciou a
construção do templo: a arquitetura e a arte são em diversas culturas
uma forma de um rei provar ser o escolhido pelos deuses para reinar.
Construir um templo é uma das maneiras de os reis Khmer demonstrarem seu
poderio, por isso existem mais de 700 templos espalhados pelo Camboja.
Sua primeira decisão foi a escolha de Vishu como padroeiro - deus hindu, sempre escolhido pelos reis em tempos de guerra. E em sua homenagem começou-se a erguer Angkor Wat.
O material escolhido não foi a madeira –
comum nas construções do povo Khmer – pois esta, assim como os homens,
tem um fim. Para a tarefa trouxeram cerca de cinco mil operários de
todos os lugares dos reinos, que buscaram pedras e matérias das regiões
mais longínquas, revestiram o pântano e construiram um complexo sistema
de engenharia para o templo não afundar.
Além do povo, o rei requisitou arquitetos, filósofos, poetas e profetas
neste projeto, para que sua alma fosse direto para o paraíso com a
construção do templo. Sua escala é divina, reproduzindo na terra o
mundo dos deuses em ricos detalhes.
A concepção do templo é baseada no
Monte Meru, a morada dos deuses, que estaria localizada em um dos cinco
montes ao norte do Himalaia. Por isso, no centro fica a torre principal,
rodeada por cinco torres – com formato de flor de lótus - que se elevam
a 65 metros dos pântanos.
A construção é toda em laterita – um tipo de solo que, quando seco, se torna uma rocha resistente. Esta rocha não é muito bela e está cheia de buracos, o que impossibilitava o trabalho dos escultores para realização dos baixos-relevos e outros entalhes.
A solução veio da vizinha Índia, que utilizava o arenito nas esculturas de suas construções. Assim, blocos gigantes de quatro toneladas foram transportados pelos canais.
Esses baixos-relevos ocupam toda a superfície do templo, seja em forma de adornos arquitetônicos, geométricos, florais, figuras femininas - presença onipresente - ou simplesmente imitando telhas, portas e janelas.
Cenas do livro Mahabharata, Ramayana, Bhagavata-Purana – textos clássicos da literatura hindu - assim como um desfile do rei Suryavarman II com as suas tropas são retratados nessas obras.
Quinhentos acres de floresta tropical foram destruídos para a construção
do templo. Uma tarefa árdua, dificultada pela falta de ferramentas
adequadas, longe das fontes de pedras, com o tormento de insetos e
animais, um calor escaldante e as monções.
O local era o mais complexo
possível (uma planície alagada), mas simbolicamente o mais perfeito,
pois era o centro do império.
A construção foi pensada primeiramente como túmulo do imperador, mas
após sua morte os trabalhos foram interrompidos e o local tornou-se o
centro político e religioso do império, abrigando o templo principal e o
palácio real.
Seu sucessor, Jayavarman VIII, que antes era monge
budista, mandou remodelar o templo para adaptá-lo ao seu culto. Mas
nesse período o Império Khmer já entrara em declínio.
Mesmo após a decadência do império, os monges e alguns habitantes
permaneceram no templo. Hoje, os esforços para restaurá-lo - já foi
vitima de saques do Khmer Vermelho na década de 1970 e de contrabandos –
envolvem pessoas de todo o mundo.
Sua representatividade é tamanha que
sua silhueta aparece na bandeira do Camboja, tornando-se símbolo do país
e seu principal ponto turístico. Seja pela história ou magnitude,
Angkor Wat é o maior entre todos os templos.
Fonte: Obvious
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