Hitler (o primeiro à direita) e Hess
foram destacados para a frente de Flandres, no outono de 1914,
servindo no que ficou conhecido como o "Regimento List 'até 1918
Uma historiadora alemã sustenta que Adolf Hitler defendeu
pessoalmente um jurista judeu, seu antigo superior militar na I Guerra
Mundial, e o protegeu, pelo menos temporariamente, da perseguição
nazista, segundo um relatório publicado na quarta-feira pelo jornal
'Jewish Voice from Germany'.
Segundo a especialista Susanne Mauss,
Ernst Hess trabalhava como juiz em Düsseldorf e tinha sido comandante
da companhia na qual Hitler combateu na I Guerra Mundial. Ele esteve a
salvo até 1941 graças à intervenção pessoal em seu favor do ditador
nazista.
O caso está documentado em uma carta datada de agosto de
1940 do comandante das SS, Heinrich Himmler, na qual ordenava todas as
autoridades nazistas a 'deixar Hess tranquilo, em todos os sentidos,
segundo o desejo do 'Führer'.
Durante a desapropriação de bens
pertencentes a judeus em favor de cidadãos de origem 'ariana', Hess
(1890-1983) foi suspenso como juiz, depois se mudou com sua família em
1936 para Bolzano, no Tirol italiano, afirma a historiadora.
Ernst Hess comandante
de Adolf Hitler na Primeira Guerra Mundial foi, apesar de
suas raízes judaicas, poupado do genocídio desencadeado pelos nazistas
Segundo
a carta de Himmler, Hess entrou em contato com Hitler através de um
companheiro de guerra em comum, o capitão Fritz Wiedemann, que entre
1934 e 1939 foi ajudante do ditador.
Também por carta, Hess,
convertido ao protestantismo, pedia para ser considerado, segundo as
leis raciais de Nuremberg, como cidadão 'semi-judeu' e não inteiramente
judeu.
Embora Hitler tenha rejeitado a solicitação, ordenou às
autoridades através de Himmler para transferir a pensão de Hess para a
Itália.
A carta enviada por Heinrich Himmler, Reichsführer das SS e chefe
supremo dos campos de extermínio, datada de 27 de agosto de 1940, concedendo a
Hess "ajuda e proteção de acordo com os desejos do Führer"
Além disso, o juiz foi aliviado da obrigação de levar o nome
de 'Israel', que o identificava como judeu, e recebeu um novo
passaporte em março de 1939 sem a letra 'J' (de judeu) impressa em
vermelho.
O chefe da Chancelaria do Reich, Hans Heinrich Lammers, e
o cônsul geral alemão na Itália, Otto Bene, também intercederam por
Hess.
Depois do pacto entre Hitler e Benito Mussolini e a
italianização fascista do sul do Tirol, a família Hess se viu obrigada a
retornar à Alemanha em 1939 e se transferiu para o povoado bávaro de
Unterwössen.
Ernest Hess (primeiro à direita) com sua unidade na I Guerra Mundial
Em 1941, Hess recebeu a notícia de que já não estava
sob a proteção de Hitler e foi internado no campo de concentração de
Milbertshofen, próximo de Munique, onde teve que realizar trabalhos
forçados.
Segundo a historiadora, seu casamento com Margarethe,
uma mulher não judia, o salvou da deportação, enquanto sua filha foi
obrigada a realizar trabalhos forçados para uma companhia elétrica.
No
entanto, a mãe de Hess, Elisabeth, e sua irmã Berta foram deportadas
por ordem de Adolf Eichmann, artífice do plano de extermínio judeu.
Hess com sua esposa Margarethe e a filha Ursula no início dos anos trinta
Berta
morreu no campo de extermínio de Auschwitz, enquanto a mãe conseguiu
fugir nas últimas semanas da guerra do campo de concentração de
Theresienstadt para a Suíça. Depois da guerra, Hess se tornou presidente de uma companhia ferroviária na cidade de Frankfurt.
Para
Rafael Seligmann, editor do 'Jewish Voice from Germany' - publicação
trimestral com uma tiragem média de 30 mil exemplares -, está claro que
os ajudantes de Hitler cumpriam incondicionalmente as ordens do
'Führer', seja como salvador ou como assassino em massa.
Seligmann acrescentou que é obrigação de um jornal judeu descrever também desta forma o sistema criminal dos nazistas.
A
historiadora descobriu no arquivo regional da Renânia do Norte-Wesfalia
o revelador documento durante os preparativos de uma exposição no ano
passado.
Até o momento só se conhecia outro caso em que Hitler
intercedeu por um judeu: o médico de sua mãe, Eduard Bloch, da cidade
austríaca de Linz, que até sua emigração, em 1940, teria estado sob a
proteção do ditador.
Fonte: Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário