Dinossauros com bico-de-pato evoluíram mais rapidamente ao ter o habitat isolado geograficamente
(Thinkstock)
Novo estudo analisa as alterações geológicas e a relação com o desenvolvimento natural de herbívoros com chifres e da espécie bico-de-pato.
O surgimento da cordilheira das Montanhas Rochosas pode ter impulsionado a evolução dos dinossauros que viviam na América Norte, na região onde hoje fica o oeste americano. A hipótese foi publicada no periódico científico Plos One.
Essa nova constatação, feita por pesquisadores americanos e alemães,
explica os padrões já detectados de evolução e migração de espécies de
dinossauros, como os bico-de-pato e herbívoros de chifres, no período
que antecedeu a extinção da espécie, há 65 milhões de anos.
Diagrama ilustra a diversificação de dinossauros bico-de-pato e os
dinossauros com chifres durante o Cretáceo, como resultado do surgimento
do mar do interior e a elevação da montanha. A escala de tempo
geológico está à esquerda do diagrama em verde. À direita, silhuetas da
América do Norte com áreas cobertas por água do mar durante cada um dos
períodos de tempo
“No último século, paleontologistas descobriram uma variedade de
fósseis de dinossauros que viveram há 75 milhões de anos. Mas no período
que antecede a queda do asteroide na Terra e o fim do período Cretáceo
(hipótese mais aceita para a extinção dos dinossauros, há 65 milhões de
anos), havia poucas espécies destes animais na América do Norte”, disse
Terry Gates, pós-doutor na Universidade de Ohio, nos Estados Unidos,
líder da pesquisa feita em conjunto com a universidade da Carolina do
Norte e do Museu de Paleontologia e Geologia de Bavaria, na Alemanha.
Dinossauros herbívoros com chifres evoluíram mais rapidamente ao ter o habitat isolado geograficamente
Para preencher essa lacuna evolutiva, os pesquisadores passaram a fazer
o registro geológico do oeste da América do Norte em busca de
respostas.
Mudanças geológicas - A descoberta mostrou um quadro
de profunda mudança geológica. Durante o início e em meados do período
Cretáceo, o magma no interior do manto terrestre levantou o solo no
oeste dos Estados Unidos, criando uma enorme cadeia de montanhas.
A área ao leste da cordilheira foi pressionada para baixo, e fez surgir
um banco de areia e o Mar Interior Ocidental, que inundou o continente a
partir do Ártico Canadense até o Golfo do México. Isso cortou o
continente em três grandes ilhas ao norte, leste e oeste. Com a divisão,
os dinossauros do oeste ficaram para uma ilha conhecida como Laramídia.
Juntos e mais diversos - A nova descoberta permite
compreender como os dinossauros evoluíram em uma ilha após tamanha
alteração na geografia, restringindo-os à ilha de Laramídia.
“Nossa hipótese é que esse isolamento facilitou uma rápida
especialização e aumentou a diversidade nos animais”, explicou Albert
Prieto-Márquez, colaborador da pesquisa.
As novas espécies de bico-de-pato e de dinossauros com chifres foram
nascendo a uma taxa impressionante ao longo dos 100 mil anos entre a
formação das montanhas e a extinção dos dinossauros, segundo os
pesquisadores.
"O isolamento das populações permitiu que as espécies
evoluíssem novos recursos mais rapidamente, especialmente em detalhes de
ornamentação do crânio, como cristas na cabeça e chifres", disse
Gates.
Segunda alteração - Mais tarde, uma das placas
tectônicas sob a costa mudou de posição e forçou o surgimento de outra
cordilheira, uma espécie de prenúncio das Montanhas Rochosas, ao leste.
Essa segunda mudança geológica abriu amplo território para que os
dinossauros se locomovessem, reduzindo novamente a rapidez da evolução
da espécie.
As mudanças geográficas não só impactaram na diversidade dos
dinossauros na América do Norte, mas também podem ter tido reflexos em
outras partes do mundo, interrompendo rotas de migração e abrindo outras
para a Ásia e América do Sul.
Fonte: Veja
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