A única coisa que evita que a Terra tenha um ambiente sem vida como Marte é o campo magnético que nos protege da radiação solar letal e ajuda alguns animais a migrarem, e ele pode ser muito mais frágil do que se imagina. Cientistas afirmam que nosso campo magnético está ficando mais fraco e pode praticamente desaparecer em 500 anos, antes de fazer uma reversão completa.
Isso já aconteceu antes - o registro geológico sugere que o campo
magnético tem revertido a cada 250 mil anos, indicando que, como o
último evento ocorreu há 800 mil anos, outro parece estar atrasado.
"O
norte magnético migrou mais de 1,5 mil km no último século", afirmou
Conall Mac Niocaill, cientista da Universidade Oxford. "Nos últimos 150
anos, a força do campo magnético diminuiu 10%, o que pode indicar que
uma reversão deva ocorrer."
Embora seja difícil prever os efeitos desse fenômeno, as
consequências podem ser enormes. A perda do campo magnético em Marte há
bilhões de anos pôs fim à vida no planeta, se é que existiu alguma vida
ali, afirmam os cientistas.
Mac Niocaill afirmou que Marte provavelmente perdeu seu campo
magnético entre 3,5 bilhões e 4 bilhões de anos atrás, com base em
observações de que as rochas no hemisfério sul do planeta têm
magnetização.
A metade norte de Marte parece mais nova, porque possui menos
crateras de impacto e não tem nenhuma estrutura magnética para contar a
história. Portanto, o campo deve ter acabado antes da formação das
rochas, que deve ter ocorrido há cerca de 3,8 bilhões de anos.
"Com o campo enfraquecido, o vento solar foi então capaz de arrancar a
atmosfera e também houve um aumento da radiação cósmica chegando até a
superfície", disse ele. "Essas duas coisas seriam má notícia para
qualquer vida que possa ter se formado na superfície - ou a extinguindo
ou forçando a sua migração para o interior do planeta."
O campo magnético da Terra sempre se refez, mas como continua a girar
e a enfraquecer, poderá apresentar desafios - os satélites poderão
ficar mais expostos ao vento solar e a indústria do petróleo usa as
leituras do campo para direcionar as perfurações.
Na natureza, os animais que utilizam o campo poderão ficar bastante
confusos. Pássaros, abelhas e alguns peixes usam o campo para navegação,
assim como as tartarugas marinhas, cujas longas vidas, que facilmente
podem ultrapassar um século, indicam que uma geração poderia sentir os
efeitos.
Os pássaros poderão superar o problema, porque estudos mostram que
eles têm sistemas que se fiam nas estrelas e em marcos terrestres,
incluindo estradas e linhas de energia, para encontrar o seu caminho.
A Agência Espacial Europeia leva a questão a sério. Em novembro,
planeja lançar três satélites para melhorar nosso entendimento sobre a
magnetosfera.
O projeto, chamado Swarm, enviará dois satélites a uma órbita polar a
450 km de altura para medir as mudanças no campo magnético. Um terceiro
será enviado a 530 km de altura para observar a influência do Sol.
Fonte: Terra
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