Imagem artística mostra diferentes tipos de planetas na Via Láctea detectados pelo Kepler /Foto: AP
Um alvoroço estelar. Vinte anos atrás, aprendia-se, em sala de aula,
que havia nove planetas. Naquela época, para as crianças, só se falava
em Sistema Solar.
Algum tempo depois, Plutão caiu fora da lista - agora é
apenas um planeta-anão. No início deste ano, uma descoberta pode dar
trabalho para ser explicada pelos professores no futuro.
Um estudo
indica que uma em cada seis estrelas parecidas com o Sol tem planetas do tamanho da Terra , constatados por meio do observatório espacial Kepler, da Nasa, a
agência espacial americana.
Com a devida análise dos dados, a conclusão
foi ainda mais aterradora: existem ao menos 17 bilhões de planetas do
tamanho da Terra na Via Láctea e em uma órbita similar à de Mercúrio.
Os detalhes sobre a descoberta foram revelados por Francois Fressin,
pesquisador do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, durante uma
conferência em Long Beach, na Califórnia, além de serem publicados na
revista acadêmica The Astrophysical Journal.
Não tardou para
surgirem especulações acerca da possibilidade de vida nesses outros
planetas. Natalie Batalha, cientista da missão Kepler no Centro de
Pesquisa Ames da Nasa, advertiu, porém, em entrevista ao Terra,
que esse tipo de afirmação é muito precoce - mas que as novidades são
muito relevantes e devem resultar outras importantes descobertas.
“Não
existe absolutamente nada confirmado em relação a isso (vida fora da
Terra). O nosso próximo passo é exatamente provar a necessidade de
enviar talvez um telescópio espacial para outro sistema solar para
provar a existência de oxigênio ou alguma evidência de vida nesses
lugares”, revelou Natalie.
A cientista ainda explicou que as revelações foram possíveis por meio
do fotômetro do observatório Kepler, o qual mostrou a geometria dos
planetas e como eles realizam a órbita.
Conforme Natalie, esses “novos”
planetas estariam a cerca de quatro anos-luz da Terra. Com base nas
tecnologias e distâncias, ela prevê missões a outro sistema solar em
menos de 15 anos.
“Bastaria mandar (para o espaço) um dispositivo do
tamanho de um celular. A tecnologia ainda não existe, mas é algo fácil
se for uma prioridade. Já estamos inspirando pessoas”, comemorou a
cientista.
Já Francois Fressin, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian,
destacou que é possível a existência de formas de vida extraterrestres
por conta de indícios de água líquida nesses planetas de tamanho similar
ao da Terra.
“Existem até indicações de que eles são rochosos. Não há
nada confirmado, mas estamos na direção certa”, disse ao Terra Fressin, que, por outro lado, prevê uma missão de robôs a outro sistema solar até o fim deste século.
Voluntários
Além da descoberta de planetas de tamanho similar ao da Terra, pesquisadores amadores do Planethunters.org e voluntários da Universidade de Oxford alegam que encontraram ao menos dois novos planetas por meio do Observatório Kepler.
Um planeta foi batizado de
PH2B e seria similar a Júpiter, com um grande potencial de possuir vida.
Para o pesquisador da Universidade de Oxford Chris Lintott, a novidade é
espantosa.
“Há uma obsessão normal em encontrar planetas como a Terra, mas
descobrir um planeta como o PH2B é algo bem mais estranho. Se esses
planetas tiverem luas do tamanho da Terra, serão mundos com rios, lagos e
todos os tipos de habitats. Astrônomos profissionais estão sendo
resgatados por voluntários”, afirmou Lintott.
O site Planet Hunters,
esforço colaborativo entre a Universidade de Yale e a Zooniverse, aceita
voluntários para analisar os dados do observatório: “O Observatório
Kepler é uma das ferramentas mais poderosas para a caça de novos
planetas fora do Sistema Solar. Os computadores da equipe do Kepler
estão analisando todos os dados, mas nós estamos apostando que alguns
planetas só poderão ser detectados pela notável habilidade humana de
reconhecimento de padrões".
Kepler
O Observatório Kepler foi lançado pela Nasa no dia 7 de março de 2009 especialmente para encontrar planetas similares à Terra e permaneceu ativo até o dia 15 de janeiro deste ano.
O observatório é parte do
programa Discovery, da Nasa, lançado em 1992 com o objetivo de criar
projetos de custo mais baixo para melhorar o entendimento do Sistema
Solar. A administração localiza-se no Centro de Pesquisa Ames, sediado
em Mountain View, na Califórnia.
A missão Kepler deve ser estendida em função de dificuldades de análise
e processamento por conta do enorme volume de dados coletados pelo
telescópio.
Entre outras recentes descobertas, está a revelação de que a
Via Láctea é uma galáxia espiral com estrelas, gás, com uma barra
central e dois braços espirais, que são chamadas de “ossos internos”.
Tudo era mais simples quando Plutão ainda era um planeta.
Fonte: Terra

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