No Brasil está surgindo uma nova modalidade de ufologia, que funde espiritismo e conhecimentos sobre seres extraterrestres.
Em Foz do Iguaçu, por isso, apareceram vários relatos de contatos
imediatos realizados com o concurso de médiuns e de casos de abdução
(quando o terráqueo é levado a bordo de uma nave extraterrestre) em
espírito.
Ufologistas tradicionais não curtem a novidade. "Assim, fica difícil conquistar o reconhecimento da ciência", disse à Folha um dos participantes do fórum, pedindo anonimato.
A psicóloga Gilda Moura, 75, especialista em estados alterados de
consciência, diz ter perdido a conta dos casos de pacientes em que
identificou abdução em sonho (em espírito). E se for apenas fantasia?
"Se a pessoa tem a memória de que foi levada contra a vontade ou
inconsciente, se a emoção aflora na pele, então se trata de alguém
abduzido", resume Gilda.
A reportagem acompanhou duas "vigílias ufoastronômicas" realizadas à
noite no Parque Tecnológico de Itaipu, local de grande concentração de
energia, segundo os organizadores, "por causa da imensa queda d'água no
rio Paraná e do movimento das turbinas da hidrelétrica".
O objetivo era tentar flagrar algum extraterrestre ou sua nave (melhor
se fossem os dois juntos). Um panfleto distribuído aos participantes
sugeria que se levassem câmeras fotográficas, filmadoras, binóculos e
lanternas.
ESPERANÇA
A meteorologia havia antecipado a má notícia de que choveria naquelas
noites. Cecília Montagnier, 79, terapeuta de Porto Alegre, encontrou um
jeito de entusiasmar a galera: "Gente, os ETs estão entre nós, não
precisa de céu estrelado para ver". Os ônibus saíram cheios de
esperança.
Procuramos "flying-saucers in the sky", como Caetano Veloso em "London,
London", mas eles nem tchuns, tímidos como parece que são. O jeito foi
trocar experiências.
Cesar Fernando Rodrigues, 22, estudante de natação, contou que estava em
sua cama em uma noite de insônia, quando sentiu dedos compridos
passando pela sua pele e atravessando a carne. "Eu não conseguia acender
a luz, gritava de dor e medo."
Cecília encontrou seus ETs quando fazia uma "vigília" em que cuidava dos
espíritos de mais de mil índios mortos em um massacre; "eles apareceram
quando dois sóis iluminavam o céu -um a leste, outro a oeste", disse.
A médica Monica de Medeiros, 57, do ABC Paulista, disse ter sido levada
ainda criança pelos "baixinhos cinzentos", como ela chama os ETs que a
abduziram. Reprimida, passou anos sem contato algum. Até que, aos 46
anos, retomou a "conversa" com eles.
UM SER APARECEU
"Um dia, eu fazia a leitura do Evangelho [Segundo o Espiritismo, de Alan
Kardec] em minha casa e um ser apareceu. A temperatura caiu muito, os
relógios pararam, os aparelhos pararam. A cabeça dele era oblonga, o
nome era Vishna e era um ser zetareticuliano", disse. Ah bom!
Os "levados" ou "abduzidos" -ou que acreditam ter sido- já são tantos
que, dentro de seis meses, os mesmos organizadores do 4º Fórum pretendem
realizar um novo encontro. Só para contatados imediatos de terceiro
grau.
Fonte: Folha de S. Paulo

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