quinta-feira, 28 de março de 2013

Cientistas descobrem caso de necrofilia em sapo da Amazônia

Segundo pesquisa, estratégia da espécie serve para evitar a perda de ovos (Foto: Domingos Rodrigues/UFMT)
 
 
 
Segundo Inpa, estratégia da espécie serve para evitar a perda de ovos. Após matarem as fêmeas, os machos extraem os ovos da espécie.
 
 
No Amazonas, pesquisadores detectaram que na espécie de sapo Rhinella proboscidea, os machos matam as fêmeas por afogamento durante o acasalamento.


De acordo com os cientistas, embora em alguns casos a necrofilia (relação sexual com cadáver) possa ser vista como algo negativo, a estratégia da espécie serve para evitar a perda de ovos após a morte acidental da fêmea.


O estudo foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazonas (Cenbam), coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI).


A fecundação dos sapos acontece por meio do estímulo do macho, que usa as patas dianteiras para segurar a fêmea na região peitoral (amplexo axilar) ou na região pelvina (amplexo inguinal). O abraço pode durar horas ou mesmo dias, antes da desova da fêmea.


Reprodução


A reprodução dos sapos da espécie R. proboscidea é chamada  de 'explosiva'. Segundo William Magnusson, pesquisador do Inpa e coordenador do Cenbam, nesse tipo de reprodução, vários machos se reúnem por dois ou três dias, geralmente em lagos, poças de água e nascente de rios, para disputar as fêmeas do local.


"A fêmea está na água, têm muitos machos e todos estão tentando subir na fêmea. Então, ela fica embaixo e eles acabam afogando-a. Normalmente, quando a fêmea chega lá, ela desova e vai embora, mas os machos ficam a noite inteira brigando por cada fêmea que chega", relatou.


Embora em alguns casos a necrofilia possa ser vista como algo negativo, a estratégia dessa espécie serve para evitar a perda de ovos depois da morte acidental da fêmea.


A pesquisa observou que a maioria das fêmeas deixa o ambiente após a reprodução. Entretanto, os pesquisadores não podem afirmar se as sobreviventes podem participar de uma próxima reprodução. Magnusson relatou que a dificuldade de acompanhar a reprodução dessa espécie é grande, porque o tipo de sapo não é visto com muita frequência.


O estudo foi realizado na Reserva Florestal Adolpho Ducke, do Inpa, Km 26 da AM-010 (Manaus - Itacoatiara), com a coleta de 15 fêmeas em junho de 2001 e cinco fêmeas em junho de 2005 em duas lagoas diferentes.


Além de pesquisadores do Inpa, William Magnusson e Albertina Lima, pesquisadores de outras instituições participaram: Thiago Izzo e Domingos Rodrigues, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); e Marcelo Menin, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).




Fonte: G1

 

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