quarta-feira, 13 de março de 2013

Comerciante da cidade de Porto Calvo coleciona achados do Brasil Colonial


Adelmo Monteiro mostra balas de canhão que foram achadas em escavações (Foto: Waldson Costa/G1)

 
 
Moedas, balas de canhão e utensílios históricos fazem parte da coleção. Artefatos encontrados na região serão colocados para visitação em museu.
 
 
Quem entrar no estabelecimento comercial do colecionador de achados históricos, Adelmo Monteiro, que fica no centro da cidade de Porto Calvo, município do interior alagoano distante 96 km de Maceió, vai se deparar com artefatos que contam um pouco da origem da cidade que foi palco da disputa de portugueses, holandeses e espanhóis durante o período do Brasil Colonial.


No local, além dos quadros que mostram imagens da época, entre elas uma reprodução da ilustração de Frans Post, que registrou a geografia do lugar, há dezenas de balas de canhão de calibres diferentes, moedas, utensílios e outras peças do período colonial que foram encontradas pelo comerciante em escavações feitas na região.


Monteiro é um colecionador de achados históricos abnegado. Apaixonado pelo passado e pela cidade onde vive, ele junta os artefatos com a pretensão de fazer um museu na cidade. 
 
 
Para isso, ele busca evidências do Brasil Colônia, vai a campo como um arqueólogo autoditada e vistoria por conta própria locais que possuem vínculos com a história.


“Muita gente não entende o trabalho de resgate histórico que faço e não compreende que o valor dessas peças é histórico. Tanto que algumas pessoas falam que eu ando atrás de ouro. Acho que elas ficam decepcionadas quando vêem que o material não tem nem sequer brilho”, conta o colecionador, ao relatar que muitos artefatos da sua coleção foram trazidos por amigos e pessoas da cidade que sabem do seu interesse.
 
 
Moedas antigas são algumas da coleção do caçador de artefatos históricos (Foto: Waldson Costa/G1)
 
 
 
Na coleção estão mais 40 esferas de metal, balas de canhão que foram achadas pela região. Moedas antigas, adagas, objetos domésticos, fragmentos de cerâmicas e até tijolos de construções antigas. 
 
 
 
“Algumas coisas achei pesquisando, escavando. Outras, as pessoas me levaram até elas”, diz Monteiro, ao expôr que certa vez encontrou crianças brincando com balas de canhão sem saber do que se tratava. 
 
 
 
“Neste dia tive que convencê-las de que o “brinquedo” estaria melhor guardado comigo”, expôs o comerciante.


Apesar de guardar todos os achados históricos, Monteiro diz que possui o entendimento que os objetos não são dele, mas sim, bens públicos. 
 
 
“Sou apenas o cuidador dessas relíquias. Assim, tudo o que desejo é colocá-las em um museu para que as pessoas possam entender mais um pouco da história e vejam a participação de Porto Calvo na história do Brasil”, diz, ao revelar que a gestão municipal já cogita um lugar para abrigar as peças e deixá-las em exposição para visitação.
 
 
 
Porto Calvo
 

Considerado um entreposto comercial durante o período colonial, Porto Calvo era um lugar cobiçado por portugueses, holandeses e espanhóis, que chegaram a duelar pela área que também era estratégica diante das questões políticas da época.


O local também registra a primeira deserção da história do país, quando o comerciante Domingos Fernandes Calabar, deixou as fileiras portuguesas para ajudar os holandeses na batalha pela colonização brasileira.


Com isso, Calabar foi apontado como traidor e morto enforcado pelos portugueses numa medida que tinha como objetivo demonstrar força e evitar que mais pessoas mudassem de lado na disputa pelo território brasileiro. A passagem da história é contada em monumentos que estão espalhadas pelas cidade.





Fonte: G1

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