O fóssil de baleia azul (Balaenoptera musculus)
com aproximadamente 1,8 mil anos, encontrado na praia do Leste, no
município de Iguape, litoral sul paulista, poderá ajudar a evitar a
extinção da espécie.
"Nós encontramos ossos da coluna vertebral e
pegamos a bula timpânica, que é equivalente ao ouvido. (Isso) vai
permitir que eu possa identificar com certeza a espécie", explica o
professor Francisco Buchmann, coordenador do Laboratório de
Estratigrafia e Paleontologia da Universidade Estadual de São Paulo
(Unesp).
Parte do crânio do animal foi encontrado por um morador
local, em agosto do ano passado. Ewerton Miranda de Souza entrou em
contato com a Sociedade Brasileira de Paleontologia que indicou o
laboratório da Unesp para remover e avaliar os ossos.
Nesta semana, a
idade do osso foi atestada após análise de um laboratório americano
especializado em datação por meio do carbono 14. Estima-se que a peça
tenha entre 1,8 mil e 1,9 mil anos.
Buchmann destaca que, atualmente, existem apenas entre
100 e 200 baleias dessa espécie no mundo. "Normalmente, fala-se que a
(população de) baleia azul está crescendo, mas (com essa descoberta) vai
ser possível provar com certeza que sim ou que não. (Será possível
dizer): eu não acho que é uma baleia azul, eu tenho certeza que é uma
baleia azul", explica.
Na avaliação do professor, a espécie continua bastante
ameaçada, pois a pesca é intensa, especialmente em países como a Noruega
e o Japão. "A pressão é muito grande. Esses animais levam, às vezes,
dez, 20, 30 anos para fazer um filhote. Se eu matar três quartos (da
espécie), para ter esses três quartos de novo vou ter que esperar 50 ou
100 anos para recuperar e não dá tempo, porque no ano que vem vão
continuar matando", apontou.
Além de contribuir para a conservação da espécie, a
descoberta vai permitir estudos sobre a variação do nível do mar.
"Inicialmente, eu pensei que o fóssil teria seis mil anos, porque foi
quando teve uma grande variação do nível do mar", explica.
Depois de constatada a idade dos ossos, Buchmann concluiu que a fossilização ocorreu em virtude de um grande evento natural, como por exemplo uma tempestade.
Depois de constatada a idade dos ossos, Buchmann concluiu que a fossilização ocorreu em virtude de um grande evento natural, como por exemplo uma tempestade.
"(Ocorreu) algo que encalhou esse animal na praia e
rapidamente esse mesmo evento soterrou o animal. Ele ficou pelo menos
parcialmente soterrado e isso favoreceu a fossilização", explicou.
De
acordo com o pesquisador, "todo organismo tem grande potencial de se
tornar um fóssil, mas se ele cair na rua, por exemplo, ele apodrece. Agora, se um animal for soterrado, ele fica isolado do oxigênio, então
ele não apodrece, ele fossiliza. As condições do ambiente favoreceram
isso", esclareceu.
A praia onde os ossos foram encontrados tem rápida
erosão, segundo o pesquisador, e foi isso que possibilitou a descoberta
dos fósseis.
"Em 2011, a distância do mar para onde a baleia foi
encontrada era 700 metros. Isso quer dizer que, em 11 anos, o mar
invadiu 700 metros, caíram várias casas, ruas inteiras desapareceram.
Debaixo de uma das casas que caiu, apareceu essa baleia", relatou. Desde
que ossos foram descobertos, o mar já avançou mais e agora a área está
sob a água.
Fonte: Terra
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