segunda-feira, 15 de julho de 2013

Especialistas discordam sobre manuscritos chineses de 5 mil anos


Os seis possíveis caracteres antigos estão ordenados em linha, e três deles se parecem à simples grafia atual chinesa "ren", que representa o ser humano Foto: AP


Os paleógrafos e acadêmicos chineses especialistas em história da língua não conseguem entrar em um acordo sobre os manuscritos que datam de 5 mil anos atrás, recentemente descobertos no leste do país, serem ou não os restos mais antigos do idioma chinês.


Na última semana, foi anunciado o descobrimento desta possível escritura antiga em mais de 200 objetos desenterrados do jazigo neolítico de Liangzhu, na província oriental chinesa de Zhejiang.


As peças encontradas com as inscrições fazem parte dos milhares de fragmentos de cerâmica, pedra, madeira, marfim e osso recuperados do jazigo entre 2003 e 2006, e são muito anteriores aos oráculos feitos de osso de quase quatro mil anos atrás, da província central de Henan, considerados por enquanto a escritura chinesa mais antiga.


De fato, estes objetos estão entre os restos mais antigos da escritura humana conhecidos até agora, junto com a escrita cuneiforme da Mesopotâmia.


Se há uma semana, acadêmicos, arqueólogos e especialistas em escritura chinesa antiga concluíram que o achado não era suficiente para demonstrar a existência de um sistema de escritura desenvolvido naquela cultura, neste fim de semana um novo grupo de especialistas discordou.


Segundo informou nesta segunda-feira o jornal South China Morning Post, acredita-se que poderiam ser restos de uma língua desenvolvida pela chamada "cultura de Liangzhu", uma civilização que data de cinco milênios atrás e se estabeleceu ao redor dos lagos do delta do rio Yangtse (leste), da qual se conhecem várias cidades e técnicas agrárias avançadas.


Os arqueólogos tinham descoberto mais de 200 símbolos diferentes em objetos de pedra e cerâmica do jazigo, mas não sabiam com certeza se a cultura de Liangzhu chegou a contar com uma linguagem escrita própria até encontrarem essas marcas em duas peças de pedra, sendo uma delas um pedaço de machado.


"Eram diferentes de todos os demais símbolos que tínhamos visto antes, com muitos traços verticais e uma estrutura geral similar aos caráteres (chineses) de hoje em dia, um deles inclusive aparece três vezes na mesma linha", disse Li Xiaoning, diretor do Instituto de Arqueologia de Zhejiang.


Os paleógrafos chineses reunidos até ontem concordaram que se trata de caracteres, disse o diretor, embora, dessa língua, sejam conhecidas menos de dez peças, enquanto no caso dos oráculos feitos de osso de Henan, já foram decifrados mais de mil entre mais de 30 mil peças distintas.


Segundo Li, decifrar os caráteres de Liangzhu será muito difícil, se não impossível, já que, enquanto muitos ideogramas de Henan evoluíram para o chinês atual, os de Zhejiang não parecem estar relacionados.


"As civilizações que ficavam às margens dos rios Yang Tsé e Amarelo poderiam ter estado completamente alheias uma da outra naquela época", explicou Li: "A China de então não estava unida, havia apenas várias civilizações dispersas" e, por isso, "é possível que nunca se decifre a língua de uma civilização totalmente perdida".



Fonte: Terra

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