Um estudo divulgado nesta quinta-feira na revista
especializada Science indica que os primeiros habitantes das montanhas
Zagros, no Irã, começaram a cultivar grãos entre 12 mil e 9,8 mil anos
atrás, o que os coloca entre os primeiros agricultores do planeta.
A
descoberta vai contra a teoria de que a agricultura se desenvolveu na
região mais ocidental do Crescente Fértil - faixa que compreende,
atualmente, do Egito ao Irã - e depois se espalhou para as demais áreas,
e sustenta outra, de que ela teve múltiplas origens.
"Durante algum tempo, o aparecimento da agricultura no
Irã foi considerada parte de uma transferência cultural do oeste", diz
Simone Riehl, da Universidade de Tübingen (Alemanha).
"Essa opinião era,
contudo, mais baseada na falta de informação de sítios no Irã", diz a
cientista, ao se referir a limitações que eram impostas pelas
autoridades iranianas para escavações na região.
Os sítios arqueológicos mais antigos com indícios de
agricultura conhecidos até hoje ficam na Palestina, Síria e Turquia,
todos também no Crescente Fértil. Estes têm cerca de 10,5 mil anos, ou
seja, o descoberto no Irã pode ser ainda mais antigo.
Com a liberação das pesquisas, arqueólogos podem
descobrir a pré-história iraniana. Em uma dessas escavações, o time de
Simone encontrou vasos com restos de plantas em seu interior. A análise
desse material indica que o povo da região cultivava cereais como
cevada, trigo e lentilha.
"Durante as últimas décadas, diversas escavações
arqueológicas foram conduzidas no Oriente Próximo que levaram
pesquisadores a considerar a possibilidade de que múltiplas regiões do
Crescente Fértil começaram a cultivar cereais quase ao mesmo tempo, ao
invés de uma única área como núcleo", diz Simone.
"Isso não significa,
obviamente, a exclusão da possibilidade de algum tipo de transferência
de ideias e materiais entre diferentes grupos que povoavam o Crescente
Fértil."
Fonte: Terra
Nenhum comentário:
Postar um comentário