Médiuns, telepatas, videntes e outras pessoas que alegam ter poderes
sobrenaturais têm até hoje espaço na mídia em geral.
Contudo, estudos
acadêmicos de fenômenos paranormais – como clarividência (obter
informações sem usar os sentidos), psicocinese (mover objetos com a
força do pensamento) e telepatia – parecem ter “sumido” há algumas
décadas. O que aconteceu?
De acordo com John Kruth, diretor executivo do Centro de Pesquisa
Rhine em Durham (EUA), essa linha de pesquisa não sumiu, mas se tornou
desorganizada, pouco valorizada e, diante da “ciência tradicional”,
ignorada.
“As pessoas nunca pararam de pesquisar nessa área”, explica,
“mas a comunidade cética é forte e ‘barulhenta’, e é muito melhor em
trabalhar com a mídia”.
Para ele, boa parte do descrédito sofrido pela área nos Estados
Unidos nas décadas de 1970 e 1980 se deve a “desmistificadores”
midiáticos, que podem acabar tirando o crédito de pesquisadores sérios
ao colocá-los no mesmo grupo dos enganadores.
“Com certeza há
praticantes fraudulentos por aí, e estamos sempre de olho neles. É como
se tivéssemos fraudes de um lado, os ‘desmistificadores’ de outro, e nós
estivéssemos no meio, ainda tentando fazer ciência”.
Nada a oferecer?
Há quem defenda que o maior problema da parapsicologia não seja o
desgaste de imagem causada por fraudes, mas a “falta de evidências”.
“A
parapsicologia está por aí há mais de um século. [Mesmo assim] não há
protocolos de pesquisas que gerem hipóteses úteis para que outros
laboratórios testem e desenvolvam um modelo, e eventualmente um
paradigma que se torne um campo”, aponta Michael Shermer, editor do
periódico Skeptic e colunista da Scientific American.
Apesar das críticas, pesquisas na área continuam. Recentemente, no campus
da Universidade de Duke (EUA), por exemplo, foram apresentados
resultados de três estudos de parapsicologia: “Sinestesia, Tempo e a
Geografia de Experiências Anômalas”, “Sincronicidade e Psi: Uma
Comparação Controlada” e “O Laboratório de Bio-Energia em Rhine e o
Projeto E.E.C (Experiência Extra-Corpórea)”.
Os “filhos” da Universidade de Duke
Em 1935, os pesquisadores J.B. Rhine e William McDougall fundaram o
Laboratório de Parapsicologia de Duke, que seria durante anos parte do
departamento de psicologia da universidade de mesmo nome.
Na década de
1960, porém, a parapsicologia começou a perder o caráter de “ciência
experimental” e ser considerada por muitos como “pseudociência”. Diante
disso, o laboratório perdeu sua filiação com a universidade.
Rhine e seus colegas se mudaram para um local próximo, fora do campus,
para continuar suas pesquisas – esse fato, aliás, inspirou uma das
cenas iniciais do filme Os Caça-Fantasmas, com o Dr. Venkman e sua
equipe. Nascia o Centro de Pesquisa Rhine em Durham.
Em suas instalações, há um pequeno museu com materiais históricos
envolvendo parapsicologia, como um gerador de luz aleatório para testar
precognição, um lançador de dados para testar psicocinese, e um conjunto
de cartas de Zener, para testar clarividência.
O Centro também tem uma
sala isolada, que bloqueia luz e som, onde se mede a energia emitida por
praticantes de ioga, curandeiros e artistas marciais – todo ser vivo
emite partículas chamadas biofótons, e algumas pessoas alegam que são
capazes de controlar sua emissão.
“Essa é uma manifestação física de energia da qual as pessoas falam,
[mas] que cientistas negam”, aponta Kruth, que conduz experimentos com
biofótons. Mais uma vez, há polêmica: Shermer conta que pesquisadores
não conseguem replicar esses estudos em outros laboratórios. “Os efeitos
desaparecem quando você reforça os controles ou usa métodos
estatísticos diferentes”.
Seja como for, a parapsicologia não morreu, mesmo que não tenha lugar de destaque entre outros campos de pesquisa.
Fonte: Hypescience
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