As irmãs Perron da vida real e as atrizes que as interpretam em 'Invocação do Mal'
Andrea e Cynthia Perron comentam os episódios estranhos que viveram em casa no interior dos EUA nos anos 1970; longa é considerado o terror do ano.
Um dos elementos que transformou "Invocação do Mal"
no filme de terror do ano
foi o fato de a trama ser inspirada em uma história real.
Nos anos
1970, o casal de investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren ajudou
uma família aterrorizada por eventos estranhos em sua casa no interior
de Rhode Island, nos Estados Unidos.
A família - Carolyn e Roger Perron e suas cinco filhas -
passou dez anos no local, em meio à visões, barulhos inexplicáveis e
objetos que se moviam sozinhos.
Mesmo mais de três décadas depois,
continuam marcados pela experiência que viveram - e que a filha mais
velha, Andrea, descreveu em três livros.
A seguir, Andrea e Cynthia, a segunda mais nova
das irmãs Perron, falam sobre como foi crescer no local e as lembranças
que guardam até hoje.
A chegada na casa
Cynthia:
Inicialmente, amávamos a fazenda. Mal podíamos esperar para chegar.
Costumo dizer que vivíamos em um pedacinho do paraíso em uma parte do
inferno.
Mas a propriedade era absolutamente magnífica. Nada podia ser
melhor para cinco meninas, ainda mais molecas como nós, que subíamos em
árvores e muros de pedra. Mas a primeira coisa aconteceu quando
estávamos fazendo a mudança.
No momento em que levávamos as caixas para
dentro de casa, vimos um homem. Achamos que era alguém da família (dos
antigos donos) que estava nos ajudando. Mas todos tinham ido embora e
ele ainda estava lá.
Andrea:
Ele desapareceu em frente a (minha irmã) Nancy. Eu nunca o vi
desaparecer, apenas o vi de corpo todo. Achava que era um homem normal,
mortal. Nunca nos ocorreu, nem aos meus pais, que estávamos nos mudando
para um casa mal-assombrada.
Objetos fora de lugar
Cynthia:
As coisas estavam acontecendo a todos nós, mas não contávamos um para o
outro. Estava com meus brinquedos em meu quarto, descia para pegar
alguma coisa e, quando voltava, eles não estavam no lugar certo.
Tinham
sido movidos ou colocados embaixo da cama. Aí eu ia brigar com minhas
irmãs e elas não sabiam do que eu estava falando. Foi assim que começou.
Quando você percebe que ninguém mais está na casa, só você, e os
brinquedos ainda estão mudando de lugar…não pode ser uma das suas irmãs.
Andrea:
Começamos a culpar umas às outras. Éramos cinco meninas que dividiam
tudo, se amavam loucamente. Mas quando mudamos para a fazenda, de
repente só havia suspeita e briga. Não éramos crianças ricas, então
valorizávamos nossos brinquedos. E quando as coisas começaram a
desaparecer, as acusações surgiram.
Um dia minha mãe colocou fim a tudo
isso. Ela disse: “Seu pai e eu nos mudamos para as montanhas e compramos
esta fazenda para que vocês tivessem um ótimo lugar para viver. E vocês
têm mais do que a maioria das crianças deste planeta. Isso acaba
agora”.
Então percebemos o que estava acontecendo e tivemos uma espécie
de transição espiritual. E foi aí que Cindy começou a dividir seus
brinquedos com as crianças que apareciam no quarto dela para brincar.
A conversa com os pais
Andrea:
Sim. Cindy ia até a minha cama e dizia: “Annie, estou ouvindo vozes e
todos dizem a mesma coisa”. E eu perguntava o que eles diziam, e ela
respondia: “Há sete soldados mortos na parede”.
Oito gerações de uma
família viveram e morreram naquela casa antes da nossa chegada. Depois
de cinco ou seis meses, abordei minha mãe e disse que era hora de ela
saber o que as minhas imrãs estavam dizendo.
Um ou dois dias depois,
quando meu pai chegou em casa, ela disse: “Precisamos conversar. Você
precisa saber o que está acontecendo com a sua família”. Foi a primeira
conversa que eles tiveram sobre as manifestações espirituais na casa.
Viver na casa por dez anos
Andrea:
Acho que estávamos destinados a ficar lá. Era quase como se a casa nos
fizesse ficar lá. E é preciso lembrar que nos mudamos para a fazenda em
janeiro de 1971, quando nossa economia estava muito ruim.
O valor da
propriedade só diminuía e meus pais tinham colocado tudo o que tinham na
casa. Não podíamos apenas ir embora. E nós amávamos a fazenda. Alguns
espíritos eram muito bons conosco, nos protegiam.
Os espíritos que viviam na casa
Andrea:
Dez ou doze espíritos eram frequentemente vistos por nós. Havia algo de
natureza demoníaca naquela casa.
E não sabemos se fomos nós quem os
deixaram entrar. Mas acho que não. Acho que estavam lá há muito tempo. A
tristeza que havia naquela casa…Podíamos voltar felizes da escola, mas
cinco minutos em casa bastavam para acabar com a gente.
Tínhamos alguns amigos próximos para quem contávamos as
coisas. Mas mesmo os mais próximos não acreditavam. É preciso lembrar
que éramos crianças absolutamente normais que viviam uma existência
paranormal. Vivíamos entre duas dimensões.
Então era possível passarmos
ótimos momentos juntas. Podíamos ir para um parque de diversões com
nossos pais e dar risada. E então voltávamos para casa, meu pai abria a
porta e gritava, porque estava entrando em um lugar cheio de espíritos. E
tudo mudava. A felicidade se dissipava instantaneamente.
Presa em um baú de madeira
Cynthia:
Quando nos mudamos, fazia muito frio, então começamos a brincar mais
depois de seis meses. Uma vez, tive a ideia de me esconder em um baú de
madeira que não tinha trinco ou trava, apenas uma tampa de levantar. Me
escondi ali e ninguém vinha me achar.
Quando tentei levantar a tampa,
ela não abria. Comecei a entrar em pânico. Chutava, empurrava, gritava e
ninguém me ouvia. Depois de 20 minutos, desisti.
Então minha irmã Nancy
veio e abriu a tampa. Eu estavam encharcada de suor, então ela percebeu
que eu estava lá há muito tempo. Eu não conseguia respirar, foi muito
ruim.
A chegada de Ed e Lorraine Warren
Andrea:
Nossa amiga Barbara foi vê-los em Putnam, porque eles faziam trabalhos
na região. Eles foram informados sobre nós. Ficamos muito animadas e
aliviadas porque podíamos falar sobre o que estava acontecendo com quem
ouvia e acreditava.
As filmagens de "Invocação do Mal"
Andrea:
Sem a nossa mãe, fomos ao set e nos perguntaram se poderíamos dar uma
entrevista. Cerca de uma hora e meia depois, do nada, veio um vento
forte. Voaram as câmeras, telas, microfones, tudo. Eu olhei para o lado e
nenhuma árvore estava se mexendo.
Não estava acontecendo nada em nenhum
outro lugar daquele set. Olhei para minha irmã Cris e disse: "A
maldição de Bathsheba" (nome de um dos espíritos do filme). Ela
concordou. No mesmo momento, minha mãe caiu e quebrou o quadril.
Só
recebemos a mensagem várias horas depois, é claro, porque não podíamos
usar celular no set. Chegamos ao hospital logo depois da operação.
Minha
mãe estava muito sedada, não estava lúcida. As cinco filhas, as
enfermeiras e o médico estavam no quarto. Ela sentou, me olhou e disse:
"A maldição de Bathsheba". E então deitou de novo e dormiu até o dia
seguinte.
A relação com a casa
Andrea:
A casa nunca nos deixou, ainda que nós tenhamos deixado a casa. Nunca nos deixou e nunca nos deixará.
Fonte: IG
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