Estátua batizada de Dagoberto por ufólogos
Pintura retrata contato de nave com humanidade
Flor da Vida, símbolo alien que já estaria presente na antiguidade
Ademar José Gevaerd, editor da "UFO"
Mônica de Medeiros e Margarete Áquila
Telma Pires acha que o filho é ET
Fabio Mocci, 31, e Mislane Souza, 29, participantes do encontro de ufólogos
Pedro Álvares Cabral, quando vislumbrou terra à vista, os viu. Pois, 513
anos depois, o governo brasileiro começa a abrir os olhos também.
Ademar José Gevaerd, 51, é quem assina embaixo. Para ele, há tempos
sabemos que há extraterrestres entre nós. "Uma coisa tão óbvia...", diz
uma das autoridades em ufologia do Brasil.
Professor de química, divorciado, pai de três filhos, o curitibano alisa
com a mão os cabelos brancos, alguns fios abduzidos por iminente
calvície.
"A sociedade ridiculariza cada vez menos. Não somos loucos, somos
pessoas normais, fazendo pesquisa", continua o editor (e redator,
fotógrafo, diagramador...) da revista "UFO", há 30 anos em circulação.
E o que caiu do céu e não são óvnis, para Gevaerd, é a nova posição do
Planalto --comandado pela presidente Dilma, que em agosto disse ter
"muito respeito pelo ET de Varginha".
Em 18 de abril, o secretário-geral do Ministério da Defesa, Ari Matos,
recebeu integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos. "As partes estão
em contato com o objetivo de constituir uma comissão", segundo a pasta.
Se o grupo vingar, civis e militares unirão forças pela primeira vez
para apurar as "inúmeras ocorrências" de veículos aéreos "com tecnologia
incompatível com as conhecidas pela ciência terrestre atual" (fenômeno
que teria sido registrado pelas Forças Armadas no território
brasileiro).
Essas informações estão descritas numa carta enviada pelos ufólogos ao
ministro Celso Amorim. A ideia de montar a comissão, diz o governo, é
"dar início" à investigação conjunta.
JESUS, UM ET
Música para os ouvidos dos 270 inscritos no 2º Encontro de Ufologia
Avançada em São Paulo, realizado no fim de semana passado, numa casa na
Vila Clementino (zona sul) que, geralmente, dedica-se ao espiritismo.
Uma forte corrente alia evidências de vida fora da Terra a manifestações em geral vistas como religiosas.
Uma certeza desse grupo: o próprio Jesus Cristo veio de fora, implantado
no ventre da mãe. "Foi inseminação artificial mesmo, em Maria", diz
Mônica de Medeiros, que coordena a Casa do Consolador e lançou, no
evento, "Projeto Contato", livro escrito em parceria com Margarete
Áquila.
Margarete ajeita o tubinho verde com ares de anos 1970, camisa social de
manga comprida e gola para fora, e lembra do francês Allan Kardec --pai
da doutrina espírita que já mencionava a "pluralidade dos mundos".
Um desses mundos fez contato com 189 pessoas em dezembro de 2004, na
praia de Peruíbe (SP), diz Mônica. Os seres tinham "pele de golfinho" e
uma cabeça que parecia "bola de futebol americano". Todos viram luzes
coloridas no céu, e a temperatura "despencou em pleno verão".
Com cinco anos, Mônica acredita ter sido abduzida por um "camarada
branco, leitoso e cabeçudo". Hoje, avalia assim: "Pra mim, era o
Gasparzinho. Eles usam o imaginário da criança [para estabelecer
contato]".
Se é verdade que os ETs estão por aí há tempos, a meta, para os ufólogos, é estreitar o relacionamento.
No mural, o cartaz anuncia: "Contatos imediatos de 5º grau". A imagem
traz aliens com mãos para cima e dedos separados (lembra a saudação de
"Star Trek") e uma vaquinha sendo levada pela faixa de luz de uma nave.
Gevaerd, o editor da "UFO", elenca eventos que comprovariam as visitas
dos forasteiros --que, para ele, têm formato humano e preferem se
comunicar por telepatia (quando não, aprendem "o idioma do
interlocutor").
Episódio marcante, diz, foi a "noite oficial dos óvnis", em 19 de maio
de 1986. Na data, a Aeronáutica teria avistado nos céus de vários
Estados "21 ufos esféricos, com 100 metros de diâmetro, o tamanho de uma
quadra urbana". Campo de visão privilegiado: aeroporto de São José dos
Campos.
"Toda região ficou coalhada desses objetos", afirma Gevaerd.
Ele faz as contas: "dez elevado a 70 é o número de estrelas que existe.
São 70 zeros depois do dez". Estarmos sozinhos no universo seria
matematicamente ridículo, sustenta o crédulo. Todos querem acreditar.
No intervalo do encontro, Telma Pires, 60, está sentada numa cadeira de
plástico branco, bebendo o último gole de sua Coca-Cola Zero. Diz que
trabalha com um "tribunal arbitral", para ajudar pessoas a se
conciliarem. Aproximar humanos e alienígenas, contudo, é a causa mor na
vida dessa senhora que, quando criança, "desenhava ETzinhos nas paredes
de casa".
Fão do livro "Eram os Deuses Astronautas?" (1968), Telma diz que seu
filho nasceu alienígena. Quando criança, bonecos aliens eram os
favoritos dele na loja de brinquedos. Quando o menino tinha dois anos,
viu os pais brigando e declarou: "Mamãe, não chora, nunca vai dar certo,
o papai não é do mesmo planeta que nós".
Como tantos outros entusiastas da ufologia, Telma crê que a humanidade
está sendo estudada por seres de outro planeta. "Me sinto dentro da
Matrix." E ela se resigna: hoje, infelizmente, "reptilianos comandam
tudo".
PROCURE SABER
As versões são numerosas: ETs frequentam centros espíritas, simulam a
imagem de Gasparzinho para se aproximar de crianças ou "entram pelas
paredes como se elas não fossem sólidas e fazem coleta de pele e de
sangue, um grande banco de dados da humanidade" (aposta de Gevaerd).
Tudo o que os ufólogos pedem, no fim, são recursos para poderem estudar
os viajantes espaciais. Daí o afã com o aceno do Ministério da Defesa.
Na era da Lei de Acesso à Informação, o governo abriu 4.500 documentos
secretos sobre o que seriam investigações federais na área da ufologia,
guardados no Arquivo Nacional, em Brasília. "Mas sabemos que são pelo
menos 10 vezes isso", diz Gevaerd.
Fonte: Folha de São Paulo
Um comentário:
Tem muita gente querendo se aproveitar do fenômeno UFO para se promover.
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