A pequena rã descoberta recentemente na Guiana já está ameaçada de
extinção. Seu nome científico ("Allobates amissibilis") quer dizer "que
pode ser perdida"
A nova espécie de peixe "Apistogramma cinilabra" está adaptada a níveis baixos de oxigênio e foi encontrada em um lago no Peru
Os bebês da espécie Caqueta titi ("Callicebus caquetensis") "ronronam" uns para os outros quando estão satisfeitos
O lagarto "Cercosaura hipnoides", descoberto na Colômbia
Encontrada nas montanhas que estão na fronteira entre a Guiana e o
Brasil, essa espécie de cobra foi batizada de "Chironius challenger", em
homenagem ao personagem Professor George Edward Challenger, do livro "O
mundo perdido", de Arthur Conan Doyle
"Dicrossus warzeli", uma das duas novas espécies de peixe ciclídeo
descobertas no rio Negro e no rio Tapajós, na bacia Amazônica, no Brasil
O réptil "Sphaerodactylidae", encontrado na Guiana Central
A "Passiflora longifilamentosa", descoberta no Pará neste ano, faz parte
de um gênero com 530 espécies; ela é um tipo de trepadeira e tem
filamentos coloridos que saem do centro da flor
A orquídea "Sobralia imavieirae" é uma das 45 novas espécies desse tipo de flor recém-descobertas
A "piranha vegetariana" "Tometes camunani" habita as corredeiras em rios
amazônicos, onde procura plantas aquáticas para se alimentar; barragens
e mineração no Pará ameaçam seu habitat
Um macaco que ronrona, uma piranha vegetariana e um lagarto com listras como fogo estão entre as mais de 400 novas espécies amazônicas descobertas nos últimos quatro anos, segundo conservacionistas divulgaram nesta quarta (23).
Encontradas entre centenas de expedições científicas feitas entre 2010 e
2013, as 441 espécies incluem 258 plantas, 84 peixes, 58 anfíbios, 22
répteis, 18 pássaros e um mamífero. A conta não inclui insetos e outros
invertebrados.
"Quanto mais os cientistas procuram, mais eles acham", afirmou Damian
Fleming, chefe dos programas para o Brasil e a Amazônia na WWF do Reino
Unido, que compilou a lista.
"Com uma média de duas novas espécies
identificadas por semana nos últimos quatro anos, fica claro que a
Amazônia continua sendo um dos mais importantes centros de
biodiversidade global."
Entre as novas espécies, está o macaco Callicebus caquetensis, da
Amazônia colombiana, cujos filhotes têm um costume fofo: "Todos os
bebês ronronam como gatos.
Quando eles se sentem satisfeitos, ronronam
uns para os outros", afirmou o cientistas Thomas Defler, que ajudou a
descobrir a espécie.
O lagarto com "pintura de guerra" Gonatodes timidus foi
descoberto na parte da Amazônia que se estende até a Guiana. Apesar de
sua cor extraordinária, o lagarto tende a evitar ser visto por humanos.
Algumas espécies podem ser perdidas justamente agora que estão sendo
descobertas, afirmam os pesquisadores. A rã do tamanho de um dedal Allobates amissibilis
ganhou um nome que significa "que pode ser perdido", porque ele vive em
uma área da Guiana que pode ser aberta ao turismo em breve.
Outras espécies estão sendo ameaçadas pelo desenvolvimento econômico. A "piranha vegetariana" Tometes camunani habita corredeiras no Brasil onde é encontrada sua principal fonte de alimento, a planta aquática Podostemaceae. Mas barragens e atividade de mineração no Estado do Pará, ameaçam o seu habitat.
Muitas das novas espécies de plantas e animais são encontradas em
pequenas áreas e acredita-se que sejam endêmicas a partes pequenas da
Amazônia.
Por exemplo, uma nova espécie de peixe (Apistogramma cinilabra) é
adaptada ao ambiente singular com baixo oxigênio de um pequeno lago no
Peru e não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo, o que a torna
mais vulnerável ainda.
"A riqueza das florestas e das águas da Amazônia continuam a encantar o
mundo, mas esses habitats estão sob ameaça crescente. A descoberta
dessas novas espécies reafirma a importância de compromissos para
conservar e manejar de forma sustentável essa biodiversidade singular e
também os serviços e bens fornecidos pela floreta às pessoas e negócios
da região", afirmou Fleming.
O ecossistema amazônico tem a maior floresta tropical do mundo e contém
uma em dez espécies conhecidas no mundo. Um estudo recente mostrou que
quase 400 bilhões de árvores de 16 mil espécies crescem na Amazônia.
Um quinto da floresta já foi perdido. Nos últimos oito anos, o desmatamento no Brasil desacelerou em 80%.
Fonte: Folha de São Paulo
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