Ilustração mostra o Obdurodon tharalkooschild, ornitorrinco com dentes que permitiam ao mamífero comer presas (como a tartaruga) que a espécie atual não consegue: descoberta reescreve árvore evolutiva Foto: Peter Schouten / Divulgação
Molar do ornitorrinco gigante foi escavado na Austrália Foto: R. Pian / Divulgação
Maior ornitorrinco já descoberto tinha dentes - característica que a espécie moderna não possui - e até o dobro do tamanho atual.
Cientistas acreditavam até recentemente que a linhagem
do ornitorrinco era monotípica, com apenas uma espécie habitando a Terra
em qualquer época.
Um estudo
publicado nesta segunda-feira, porém, descreve uma nova espécie gigante
de ornitorrinco - parte de uma ramificação da árvore à qual pertencem
os animais desse gênero único entre os mamíferos.
A descrição desse
bicho extinto, publicada na revista especializada Journal of Vertebrate Paleontology, foi feita a partir de um único dente encontrado durante escavações na Austrália.
A nova espécie, denominada Obdurodon tharalkooschild (o atual ornitorrinco tem o nome científico de Ornithorhynchus anatinus),
tinha todas as características peculiares desse animal: bico de pato,
pelo de lontra, cauda e patas de castor, com fêmeas que põem ovos e
machos com esporões venenosos.
O dente singular que permitiu aos
pesquisadores relatar a existência dessa espécie foi encontrado no sítio
arqueológico de Riversleigh, em Queensland, na Austrália, onde já foram
encontrados fósseis dos antepassados dos extintos lobo-da-tasmânia e
tigre-da-tasmânia.
Com base no tamanho do dente, os cientistas estimam que
essa espécie extinta teria quase um metro do comprimento, o dobro do
tamanho do ornitorrinco moderno. Ela teria vivido há entre 5 e 15
milhões de anos, período estimado a partir de datação do depósito.
"A descoberta dessa nova espécie foi um choque para nós
porque, antes disso, o registro fóssil sugeria que a árvore evolutiva
dos ornitorrincos era relativamente linear", afirmou Michael Archer,
da Universidade de Nova Gales do Sul, um dos autores do estudo.
"Agora
percebemos que havia ramos colaterais não previstos nessa árvore, alguns
dos quais se tornaram gigantes."
Os fósseis mais antigos de ornitorrincos já encontrados
foram escavados de rochas com 61 milhões de anos na América do Sul, e
versões mais recentes têm sido descobertas na Austrália.
Antes da
descoberta do Obdurodon tharalkooschild, esses fósseis sugeriam
que os ornitorrincos se tornaram menores e tiveram reduzido o tamanho
de seus dentes ao longo do tempo.
O mamífero moderno não conta com
dentes quando adulto, e a descoberta evidencia uma linhagem diferente da
proposta até então pelos cientistas.
Fonte: Terra
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