Escavação na caverna Denisova, na Sibéria, em que osso de Neandertal foi encontrado (Foto: Bence Viola)
Imagem feita em computador do osso de Neandertal encontrado na Sibéria em 2010 (Foto: Bence Viola)
Linhagens primitivas se miscigenaram antes que Homo sapiens dominasse. Osso é última peça de projeto para rastrear odisseia humana.
O minúsculo osso de um dedo do pé de uma mulher Neandertal que viveu há
cerca de 50 mil anos revela que algumas linhagens humanas primitivas se
miscigenaram antes que um único grupo, o "Homo sapiens", ascendesse e
dominasse os demais.
O osso fornece a última peça de um projeto lançado em 2006 pelo antropólogo evolutivo europeu Svante Paabo de usar um DNA antigo para rastrear a odisseia humana.
Em estudo publicado na quarta-feira (18) na revista científica "Nature", uma equipe reportou que o osso adiciona um conhecimento genético extraordinário sobre os nossos primos, os Neandertais, que desapareceram cerca de 30 mil anos atrás.
Os cientistas compararam o genoma com aqueles de dois outros grupos humanos que compartilharam o planeta na mesma época. Eram eles os Denisovanos - outro subgrupo misterioso, que teve vestígios descobertos na Sibéria - e os "Homo sapiens", como são chamados os Homens anatomicamente modernos.
A comparação aponta para a miscigenação - o "fluxo genético" na linguagem científica - entre os três grupos, embora sua extensão tenha sido limitada.
Entre 1,5% e 2,1% dos genomas dos humanos atuais podem ser atribuídos aos Neandertais, revelou o estudo. A exceção são os africanos, que não têm contribuição dos Neandertais.
"Não sabemos se a miscigenação aconteceu uma vez, onde um grupo de Neandertais se misturou com os humanos modernos, se não voltou a acontecer ou se os grupos viveram lado a lado, e se houve miscigenação por um período prolongado", afirmou Montgomery Slatkin, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley.
Os Denisovanos também deixaram sua marca no Homem moderno. Estudos anteriores revelaram que cerca de 6% dos genomas dos aborígines australianos, dos neoguineanos e alguns povos insulares do Pacífico vieram deste grupo.
A nova análise revelou que os genomas da etnia Han, majoritária na China, e de outras populações asiáticas, assim como dos nativos americanos, contêm cerca de 0,2% de genes dos Denisovanos. Os Neandertais, por sua vez, contribuíram com pelo menos 0,5% de seu DNA com os Denisovanos.
Segundo o novo estudo, os dois grupos têm um passado genético intrigante. Cerca de 5% do genoma dos Denisovanos vêm de algum antepassado mais antigo.
Uma hipótese é que este antepassado é o "Homo erectus", segundo Kay Pruefer, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, Alemanha, que chefiou a comparação.
Tudo em família
Empregando um termo atual para este comportamento, o incesto parece ter sido desenfreado entre os Neandertais, que assim como os Denisovanos, viviam em pequenos grupos e tinham uma piscina genética para equiparar.
Os cientistas fizeram simulações de alguns cenários de miscigenação com base no osso da Neandertal encontrado. Eles descobriram que os familiares da fêmea ou eram meio-irmãos filhos da mesma mãe, ou primos duplos em primeiro grau, ou um tio e uma sobrinha, ou uma tia e seu sobrinho, ou um avô e uma neta, ou uma avó e um neto.
Geneticamente, o que torna o "Homo sapiens" tão diferente destas ramificações extintas da nossa árvore genealógica? Por que sobrevivemos e por que eles desapareceram?
A resposta pode estar em pelo menos 87 genes do nosso genoma que parecem "significativamente diferentes" daqueles encontrados nos Neandertais e Denisovanos, destacou o estudo, embora seja necessário fazer novas pesquisas para definir de que forma.
"Não há gene que possamos apontar e dizer, 'este responde pela linguagem ou alguma outra característica única dos humanos modernos'", disse Slatkin.
"Mas a partir desta lista de genes, aprenderemos algo sobre as mudanças que aconteceram na linhagem humana, embora estas mudanças provavelmente serão muito sutis", prosseguiu.
A principal fonte de material para a comparação veio de ossos encontrados em uma caverna nas montanhas Altai, no sul da Sibéria. Em 2008, foi encontrado ali o osso de um dedo mindinho de uma mulher denisovana em uma camada de solo datado de 40 mil anos.
O osso do dedo do pé da Neandertal foi encontrado na mesma caverna em 2010, mas em uma camada mais profunda de sedimento, datada de cerca de 50 mil a 60 mil anos atrás.
A caverna também contém artefatos feitos pelos humanos modernos, o que significa que pelo menos três grupos de humanos primitivos ocuparam o local em diferentes épocas.
Fonte: G1
O osso fornece a última peça de um projeto lançado em 2006 pelo antropólogo evolutivo europeu Svante Paabo de usar um DNA antigo para rastrear a odisseia humana.
Em estudo publicado na quarta-feira (18) na revista científica "Nature", uma equipe reportou que o osso adiciona um conhecimento genético extraordinário sobre os nossos primos, os Neandertais, que desapareceram cerca de 30 mil anos atrás.
Os cientistas compararam o genoma com aqueles de dois outros grupos humanos que compartilharam o planeta na mesma época. Eram eles os Denisovanos - outro subgrupo misterioso, que teve vestígios descobertos na Sibéria - e os "Homo sapiens", como são chamados os Homens anatomicamente modernos.
A comparação aponta para a miscigenação - o "fluxo genético" na linguagem científica - entre os três grupos, embora sua extensão tenha sido limitada.
Entre 1,5% e 2,1% dos genomas dos humanos atuais podem ser atribuídos aos Neandertais, revelou o estudo. A exceção são os africanos, que não têm contribuição dos Neandertais.
"Não sabemos se a miscigenação aconteceu uma vez, onde um grupo de Neandertais se misturou com os humanos modernos, se não voltou a acontecer ou se os grupos viveram lado a lado, e se houve miscigenação por um período prolongado", afirmou Montgomery Slatkin, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley.
Os Denisovanos também deixaram sua marca no Homem moderno. Estudos anteriores revelaram que cerca de 6% dos genomas dos aborígines australianos, dos neoguineanos e alguns povos insulares do Pacífico vieram deste grupo.
A nova análise revelou que os genomas da etnia Han, majoritária na China, e de outras populações asiáticas, assim como dos nativos americanos, contêm cerca de 0,2% de genes dos Denisovanos. Os Neandertais, por sua vez, contribuíram com pelo menos 0,5% de seu DNA com os Denisovanos.
Segundo o novo estudo, os dois grupos têm um passado genético intrigante. Cerca de 5% do genoma dos Denisovanos vêm de algum antepassado mais antigo.
Uma hipótese é que este antepassado é o "Homo erectus", segundo Kay Pruefer, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, Alemanha, que chefiou a comparação.
Tudo em família
Empregando um termo atual para este comportamento, o incesto parece ter sido desenfreado entre os Neandertais, que assim como os Denisovanos, viviam em pequenos grupos e tinham uma piscina genética para equiparar.
Os cientistas fizeram simulações de alguns cenários de miscigenação com base no osso da Neandertal encontrado. Eles descobriram que os familiares da fêmea ou eram meio-irmãos filhos da mesma mãe, ou primos duplos em primeiro grau, ou um tio e uma sobrinha, ou uma tia e seu sobrinho, ou um avô e uma neta, ou uma avó e um neto.
Geneticamente, o que torna o "Homo sapiens" tão diferente destas ramificações extintas da nossa árvore genealógica? Por que sobrevivemos e por que eles desapareceram?
A resposta pode estar em pelo menos 87 genes do nosso genoma que parecem "significativamente diferentes" daqueles encontrados nos Neandertais e Denisovanos, destacou o estudo, embora seja necessário fazer novas pesquisas para definir de que forma.
"Não há gene que possamos apontar e dizer, 'este responde pela linguagem ou alguma outra característica única dos humanos modernos'", disse Slatkin.
"Mas a partir desta lista de genes, aprenderemos algo sobre as mudanças que aconteceram na linhagem humana, embora estas mudanças provavelmente serão muito sutis", prosseguiu.
A principal fonte de material para a comparação veio de ossos encontrados em uma caverna nas montanhas Altai, no sul da Sibéria. Em 2008, foi encontrado ali o osso de um dedo mindinho de uma mulher denisovana em uma camada de solo datado de 40 mil anos.
O osso do dedo do pé da Neandertal foi encontrado na mesma caverna em 2010, mas em uma camada mais profunda de sedimento, datada de cerca de 50 mil a 60 mil anos atrás.
A caverna também contém artefatos feitos pelos humanos modernos, o que significa que pelo menos três grupos de humanos primitivos ocuparam o local em diferentes épocas.
Fonte: G1
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