Roça de índios isolados do Alto Rio Envira é vista do alto em foto da Funai
Um povo indígena desconhecido que vive isolado na floresta amazônica
estabeleceu recentemente o primeiro contato com índios da etnia
Ashaninka e com servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio) no Alto
Rio Envira, na fronteira do Acre com o Peru.
Segundo a Funai, o
contato do povo indígena isolado aconteceu de forma pacífica em 29 de
junho, na aldeia Simpatia. A tribo fica na terra indígena Kampa
(Ashaninka) e Isolados do Alto Envira, onde vivem pelo menos 70 índios,
sendo a maioria mulheres e crianças, em uma área de 232.795 hectares. A
Funai não publicou fotos do encontro.
Dias antes, os índios
desconhecidos assustaram mulheres e crianças Ashaninka quando apareceram
nas malocas pegando panelas e facões.
O clima ficou tenso entre
índios desconhecidos e os ashaninka, o que levou o governo do Acre a
realizar uma operação de segurança com apoio do Exército e da Polícia
Federal na fronteira.
Em nota divulgada em 17 de junho, o governo do Acre informou que a
chamada Operação Simpatia consistia em averiguar as ameaças que a
comunidade ashaninka recebia dos "índios isolados" e classificou os
desconhecidos como "saqueadores".
Diante da aproximação dos
índios isolados na aldeia Simpatia, o coordenador-geral de Índios
Isolados da Funai, Carlos Travassos, viajou para região para acompanhar o
trabalho da equipe da Frente de Proteção Etnoambiental Envira e do
sertanista José Carlos Meirelles, da assessoria indígena do governo do
Estado do Acre.
A FPE Envira vinha acompanhando a aproximação
dos índios isolados desde o dia 13 de junho. A permanência do grupo
isolado na região ocorre de forma pacífica. A equipe no local busca
informações por meio de interpretes para que haja maior conhecimento
deste grupo indígena.
Segundo a Funai, a equipe recebe apoio do
Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Juruá, da Secretaria
Especial de Saúde Indígena, para desenvolver um plano de contingência
para situações de contato e evitar que os dois povos indígenas contraiam
doenças.
O futuro dos indígenas depois desse contato preocupa
antropólogos, que veem a vulnerabilidade dessa população em relação a
doenças como a influenza, segundo artigo da revista Science sobre o assunto.
A Politica de Proteção aos Índios Isolados da Funai tem a premissa do
não contato, respeitando a autodeterminação dos povos e realizando o
trabalho de proteção territorial com a presença destes. No entanto, são
previstas ações de intervenção – planos de contingência – quando o grupo
indígena isolado procura estabelecê-lo.
Fonte: UOL
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