Esquerda: Sirius A e Sirius B, em uma imagem obtida pelo Telescópio
Espacial Hubble (NASA, ESA, H. Bond / STScI, M. Barstow / Universidade
de Leicester) Direita: Um homem da Tribo Dogon (Ferdinand Reus /
Wikimedia Commons)
Os céticos e os proponentes da teoria dos antigos alienígenas se
enfrentam, durante décadas, sobre a questão do avançado conhecimento
astronômico da tribo Dogon.
Aqui, podemos observar alguns dos argumentos de ambos os lados a
respeito desta tribo do Mali, na África, e seu suposto conhecimento a
respeito dos movimentos de uma estrela que não é visível da Terra sem
telescópios modernos.
Conhecimentos supostamente desvendados pela tribo Dogon
Sirius é a estrela mais brilhante no céu, e teve um lugar de destaque
em muitas culturas antigas. Sirius, que está a cerca de 8,7 anos-luz da
Terra, tem como companheira uma estrela anã branca, Sirius B. A Sirius B
não pode ser vista a olho nu, e a primeira suposição da sua existência
por astrônomos foi em 1830. Eles matematicamente desenvolveram um modelo
teórico da sua órbita em torno de Sirius (agora conhecida como Sirius
A), no final do século 19.
Os astrônomos sabiam que a Sirius B era feita de uma matéria
superdensa, mas ele não conseguiam desvendar os detalhes, até que a
física quântica ajudou a explicá-los em 1926. Em 1894, as
irregularidades no movimento da Sirius B levaram os astrônomos a
considerar que uma terceira estrela, Sirius C, pudesse existir e exercer
uma influência sobre a órbita da Sirius B. Esta ainda é uma questão de
debate, ainda não sabemos se a Sirius C existe ou não.
Sirius A e Sirius B, como visto pelo Telescópio Espacial Hubble. A anã
branca pode ser vista no canto inferior esquerdo (NASA, ESA, H. Bond /
STScI, M. Barstow / Universidade de Leicester)
Diz-se que os Dogon já sabiam de tudo isso séculos antes de os
astrônomos ocidentais começarem a contemplá-la. Para eles, Sirius é um
sistema de três estrelas. Eles supostamente descrevem com precisão a
Sirius B: eles dizem que é uma estrela companheira de Sirius, que é
invisível da Terra, que tem um período orbital de 50 anos, que viaja ao
redor da Sirius A ao longo de uma trajetória elíptica, e é feita de uma
substância pesada não encontrada na Terra.
Um diagrama da tribo Dogon dito por representar a órbita elíptica de Sirius B em torno de Sírius A (Wikimedia Commons)
Diz-se também que os Dogon entendiam que a Terra e os outros planetas
giram em seus eixos, que orbitam o Sol, que Júpiter tem quatro luas, e
que Saturno tem um anel em torno dele.
Um artigo do observatório Chandra da NASA
declarou: “Carl Sagan comentou em seu livro, ‘Broca’s Brain’ (Cérebro
de Broca), a conclusão sobre órbitas planetárias, que embora uma visão
rara, pode ser alcançada sem a alta tecnologia, como demonstrado por
alguns gregos e Copérnico. Para as luas de Júpiter e os anéis de
Saturno, com uma combinação de visão extraordinária e céus perfeitamente
claros, poderia ser possível vê-los sem um telescópio.”
Poderia a tribo Dogon, de alguma forma, ter visto a Sirius B?
Os céticos e defensores dos antigos alienígenas parecem concordar que
os Dogon não poderiam ter observado a Sirius B ou sua órbita em torno
da Sirius A.
A única maneira pela qual a Sirius B poderia ter sido visível para os
Dogon (e todas as outras culturas) seria se ela houvesse sido uma
gigante vermelha há alguns milhares de anos atrás, de acordo com Liam
McDaid, um professor de astronomia na Sacramento City College (Faculdade
da Cidade de Sacramento) e um cientista sênior para a organização sem
fins lucrativos The Skeptic Society (A Sociedade Cética). Se este fosse o
caso, qualquer um poderia ter facilmente observado tanto a Sirius A
como Sirius B em ação. Alguns dizem que os antigos, de fato, descreveram
a Sirius como uma gigante vermelha.
Mas, McDaid explicou em um artigo:
“Um problema com essa ideia é que a Sirius B tem sido uma anã branca
por, pelo menos, dezenas de milhares de anos. Se a Sirius B tivesse sido
uma gigante vermelha há apenas alguns milhares de anos atrás, ainda
haveria uma nebulosa planetária brilhante e visível em torno dela hoje.
Nenhuma nebulosa desse tipo é vista.”
Um Hogon, líder spiritual da tribo Dogon (Senani P./Wikimedia Commons)
“O segundo problema é que os escritores antigos pareciam usar a cor
para as estrelas de uma maneira diferente da que nós fazemos hoje (eles
descreveram Pollux, Arcturus, e Capella como ‘vermelhas’ – um observador
moderno as chamaria de amarelo-laranja, laranja, e amarelo,
respectivamente).
E, finalmente, mesmo que Sirius B houvesse sido uma
gigante vermelha visível há alguns milhares de anos atrás, como os Dogon
saberiam que Sirius B ainda estava lá depois que se tornou uma anã
branca?”
Da mesma forma que o astrônomo Carl Sagan, McDaid concluiu que o
conhecimento dos Dogon sobre a Sirius B deve ter vindo de uma cultura
avançada. Sagan e McDaid disseram que deve ter vindo da cultura
ocidental moderna, outros dizem que isso é improvável.
Quais são as chances de terem recebido o conhecimento a partir de contato ocidental?
A teoria de que os Dogon possuíam esse conhecimento avançado da
Sirius B é baseada nos relatos antropológicos da Dra. Germaine
Dieterlen, secretário-geral da Société des Africanistes (Sociedade dos
Africanistas) no Musée de l’Homme (Museu do Homem), em Paris, e do Dr.
Marcel Griaule que visitaram a tribo juntos na década de 1930.
O livro de Robert Temple “O Mistério Sirius”, publicado em 1976,
popularizou a teoria dos antigos alienígenas como uma explicação para o
conhecimento dos Dogon. Ele refutou os argumentos dados por Sagan de que
os Dogon teriam adquirido o conhecimento astronômico através do contato
com o mundo ocidental.
Em uma carta aberta a Sagan,
escrita em 1981, Temple declarou: “Como [a Dra. Dieterlen] passou a
maior parte de sua vida morando com os Dogon e os conhecem assim como as
suas tradições, mais intimamente do que qualquer outra pessoa viva, a
sua opinião sobre uma possível origem ocidental para as tradições dos
Dogon sobre a Sirius é da mais alta importância. Ela responde a essas
sugestões com uma única palavra: ‘Absurdo!'”
Durante uma entrevista para um especial da BBC, ela mostrou um
artefato Dogon de 400 anos de idade representando as três estrelas do
sistema de Sirius. Esta parte foi editada fora da transmissão americana,
disse Temple, e pode ser por isso que os céticos americanos têm
negligenciado esta evidência e o testemunho de Dieterlen.
Em uma entrevista
sóbria e lúcida para um show bizarro, “Talk Psychic”, Temple declarou:
“Se você perguntar aos Dogon, eles vão te dizer, e é isso que ninguém
quer ouvir. Eles dizem que os seus antepassados receberam a informação
de visitantes vindos do sistema da estrela Sirius”.
Temple disse que o conhecimento do sistema Sirius é difundido na cultura
Dogon, “incorporado em … centenas ou milhares de objetos, símbolos,
cobertores, tecidos, estátuas esculpidas, etc.” Ele acha impossível que o
conhecimento possa ter se infiltrado na cultura tão rapidamente,
pois Dieterlen e Griaule começaram suas pesquisas em 1931, pouquíssimo
tempo depois dos astrônomos ocidentais fazerem essas descobertas.
Uma vila de Dogon (Dario Menasce / Wikimedia Commons)
“E como esses centenas ou milhares de objetos podem ter sido
habilmente fabricados como falsificações que pretendem imitar séculos de
idade… me deixa ainda mais perplexo”, continuou ele. “São considerações
como estas e muitas outras (como a sacralidade tribal da tradição que
torna improvável que aquilo poderia ter vindo de intrusos ocidentais,
que não teriam sido conceituados ou de confiança dos sacerdotes
meticulosos e tradicionais) que levam a Dra. Dieterlen a rejeitar a
sugestão de origens ocidentais como ‘absurdo’.”
Em 1979-1980, o antropólogo Walter van Beek estudou os Dogon. Ele
encontrou uma cosmologia Dogon muito diferente do que foi relatado por
Griaule e Dieterlen. Van Beek disse que o entendimento Dogon do sistema
Sirius não estava claro ou unificado. Ele recebeu várias explicações de
várias fontes Dogon, e algumas delas disseram que o que sabiam do
sistema veio a eles a partir de Griaule.
Griaule foi criticado por usar perguntas indutivas e por plantar o
conhecimento astronômico nos Dogon, enquanto a filha de Griaule,
Genevieve Calame-Griaule também criticou os métodos de Van Beek. Não
está claro se as mudanças nos, Dogon desde a década de 1930, podem ser
responsáveis pelas descobertas de Van Beek.
O contato dos Dogon com a sociedade ocidental, com as pessoas que
teriam conhecido as descobertas do astrônomo, foi limitado no século 19
até o início do século 20. Mas, alguma interação ocorreu, portanto, não é
impossível que eles tenham entrado em contato com as informações desta
forma. Mas, mesmo que eles o fizeram, no entanto, é possível que já
tivessem em sua cultura essa compreensão do sistema Sirius há muito
tempo atrás?
Fonte: Epoch Times
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