Vasilhames, ossos e fósseis foram encontrados durante trabalho. Estudo relaciona costumes e hábitos nos sítios arqueológicos da região.
Um trabalho de pesquisa desenvolvido na Universidade Estadual de
Presidente Prudente (Unesp), busca apontar a origem e traçar o perfil do
homem pré-histórico no Oeste Paulista.
O projeto é tese de um
doutorado, que será defendido pelo aluno Jean Ítalo de Araújo Cabrera,
de 38 anos, na próxima segunda-feira (2). De acordo com os resultados
levantados pelo pesquisador, foi possível identificar onde as populações
arqueológicas habitaram na região, além de entender os tipos de povos,
hábitos e costumes destes moradores.
Ele relata que para chegar aos resultados, muito material foi coletado e levado para o Laboratório de Arqueologia da universidade. "Itens como pedras lascadas, polidas, material cerâmico, restos de alimentos e até ossos foram encontrados por meio das escavações", descreveu Cabrera.
O doutorando contou que para identificar as culturas relacionadas aos
equipamentos encontrados, foi necessário compreeender e identificar a
que tribo pertenciam, e a forma com a qual se relacionavam com o meio
natural. "Achamos ainda traços característicos como lâminas de machado,
pontas de flechas e vasilhames", destacou.
Partindo destas descobertas, foi possível identificar que o Oeste Paulista foi habitado pelas tradições Umbu e Humaitá, que se caracterizam por serem formadas por caçadores, pescadores e lascadores, além da Tupi Guarani, que é um grupo mais atual, sedentário, que formava aldeias e tinha técnicas de domesticação de plantas, de polir e confeccionar cerâmicas, explicou o pesquisador.
O pesquisador detalhou ainda que tais culturais eram provenientes de povos que chegaram a região pelo Sul do país, diretamente do Paraná e até do Mato Grosso, como no caso dos Umbus e Humaitás. Já os tupis guaranis vieram para o Oeste Paulista pelo Norte do país, e interior do estado de São Paulo.
Jean informou que alguns itens chamaram a atenção durante a execução da pesquisa. "Encontramos aqui um dos maiores sítios arqueológicos do país e com uma diversidade muito grande do tipo de material encontrado, no aspecto de decoração. Normalmente são quatro ou cinco tipos por população, e em nossa região localizamos mais de 16", ressaltou.
O pesquisador disse que o trabalho foi realizado em sete sítios
arqueológicos, locais onde estas populações habitaram no Oeste Paulista.
"Monitoramos toda a margem paulista do Rio Paraná, onde seguimos
algumas etapas, até fazermos sondagens e escavações".
Cabrera ainda contou que existe uma boa razão para que os sítios arqueológicos da região, utilizados na pesquisa, se concentrarem entre Presidente Prudente, Presidente Epitácio, Lucélia e Santo Anastácio. "O homem pré-histórico morava sempre próximo a locais onde um rio maior faz confluência com rios menores", pontuou.
Jean ressaltou ainda que para a análise comparativa do material encontrado ser possível, o apoio de mais profissionais se fez necessário. "Foram três arqueólogos, três engenheiros cartográficos, além de estagiários que são alunos da faculdade", frisou o pesquisador.
O pesquisador pontua sobre a importância do estudo para a preservação histórica dos registros que deram origem a região. "O patrimônio arqueológico não é visto como merece. As pessoas não têm muita noção de que há 7 mil anos atrás já existia vida no Oeste Paulista".
Fonte: G1
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