Um sofisticado exame cronológico dos bem preservados fósseis do
australopiteco mais completo já descoberto, o sul-africano "Little
Foot", determinou que ele viveu há 3,7 milhões de anos.
Até então, o
fóssil etíope chamado de "Lucy" era o ancestral do homem mais antigo já
descoberto, com aproximadamente 3,2 milhões de anos. "Little Foot"
(pequeno pé, em tradução livre) tinha aproximadamente um metro de altura
e pés pequenos, e foi encontrado nos anos 90.
Cientistas usaram técnicas químicas para determinar a idade dos
isótopos de elementos como alumínio encontrados no fóssil. A descoberta
foi publicada na revista científica Nature, nesta quarta-feira (01). Os
pesquisadores afirmam que o "Little Foot" pertence a uma nova espécie
chamada de Australopithecus prometheus.
Porém, a comunidade acadêmica
questiona o resultado da pesquisa, afirmando que o grupo pode ter
determinado a idade de elementos errados. Isso porque o fóssil em si não
pode ser datado, uma vez que não resistiria às técnicas laboratoriais.
Por isso, os cientistas confiam nas pedras, cinzas e sedimentos
encontrados junto ao fóssil.
A comunidade científica ainda questiona se ele é realmente parte de uma
outra espécie ou apenas um fóssil muito bem preservado do
Australopithecus africanus, o australopiteco que viveu na África do Sul
entre três e dois milhões de anos atrás. Uma análise anatômica detalhada
do 'Little Foot' deve tirar a prova, mas teremos de esperar pelo menos
um ano até termos certeza.
A descoberta do "Little Foot"
Ágil no chão e nas árvores, o "Little Foot" sofreu uma queda mortal de
cerca de 20 metros de altura e foi encontrado no fundo de uma gruta em
Sterkfontein, próximo a Johanesburgo.
A região é repleta de grutas e
fósseis proto-humanos - pelo menos mil já foram desenterrados - e foi
inscrita no Patrimônio Mundial da Unesco como "Berço da Humanidade".
O australopiteco permaneceu nesse lugar por cerca de três milhões de
anos, conservado por uma camada de mineral calcário, imobilizado em sua
pose mortuária com um longo polegar ainda dobrado dentro do punho
fechado.
Até que, em 1994, o paleontólogo sul-africano Ron Clarke descobriu
quatro ossinhos do pé esquerdo, em uma caixa cheia de ossos de animais
pré-históricos, que haviam sido desenterrados por mineiros nos
escombros.
De imediato, o cientista reconheceu o pé de um hominídeo. Ele
ainda teve de esperar por mais três anos até encontrar um novo indício:
o pé direito do Little Foot e um pedaço da tíbia.
Certo de que se trata de um fóssil de grande valor científico, o
paleontólogo envia uma equipe para a gruta de Sterkfontein. Lá, ele
completa o quebra-cabeças ao descobrir o outro pedaço de tíbia entre as
rochas.
Ao término de 13 anos de escavações minuciosas, feitas "com broca de
dentista", consegue-se liberar a totalidade do fóssil de seu sarcófago
rochoso. Crânio, dentes com esmalte e ossos da mão: trata-se de um
esqueleto "único, quase completo e perfeitamente preservado".
Fonte: UOL
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