Rebeldes da República Centro-Africana sequestraram, queimaram e
enterraram vivas "bruxas" em cerimônias públicas, explorando
superstições amplamente disseminadas para conseguir impor seu controle
em áreas desse país devastado pela guerra, de acordo com um relatório da
Organização das Nações Unidas.
O relatório elaborado por
funcionários da ONU no âmbito dos direitos humanos, visto exclusivamente
pela Thomson Reuters Foundation, contém fotografias chocantes de
vítimas amarradas a estacas de madeira sendo conduzidas ao fogo, bem
como torsos carbonizados de pessoas que foram submetidas ao ritual.
Segundo
o relatório, a tortura ocorreu entre dezembro de 2014 e início de 2015
sob a instrução de líderes da milícia cristã "anti-Balaka", de maioria
cristã, que combate rebeldes Seleka em todo o país há mais de dois anos.
A
República Centro-Africana mergulhou na violência sectária quando
rebeldes muçulmanos tomaram momentaneamente o controle do país, de
maioria cristã, em março de 2013. A escalada da violência em ambos os
lados semeou o descontrole em todo o interior.
Eleições
presidenciais e parlamentares que substituirão um governo de transição e
contam com apoio internacional estão previstas para 27 de dezembro,
após repetidos atrasos, mas há preocupações generalizadas de mais
derramamento de sangue durante a campanha.
Embora a crença em
feitiçaria seja comum em toda a África, os investigadores da ONU
disseram que aparentemente os rebeldes cristãos recorreram a essas
superstições para intimidar, extorquir dinheiro e exercer autoridade
sobre áreas sem lei.
"A feitiçaria está firmemente entrincheirada
(na República Centro-Africana) e a ausência de autoridade estatal cria
um terreno fértil para uma espécie de justiça popular distorcida pelos
anti-balakas para seu benefício", disseram os investigadores.
O
relatório, produzido por uma equipe de trabalho para a missão de
estabilização da ONU, conhecida como Minusca, salienta que há
informações de que 13 ataques contra vítimas com idade entre 45 e 70
ocorreram perto de Baoro, em Nana-Mambere, uma das 14 subdivisões do
país.
Fonte: UOL
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