Após notar alguns acontecimentos no
mínimo inexplicáveis, os funcionários do Nido's, um restaurante italiano
de Frederick, no Estado americano de Maryland, decidiram fazer um
telefonema.
Alguns dias de espera depois, uma equipe de cinco caça-fantasmas adentrou o local.
A
Dead of Night Paranormal Investigation ("Na Calada da Noite
Investigações Paranormais", em tradução livre) conversou com cozinheiros
e garçons: era comum ouvir uma "presença invisível" subindo e descendo
as escadas, diziam.
Usando camisetas pretas com o logotipo da empresa, a equipe
começou a posicionar câmeras comuns e outras que captam calor para
tentar registrar algum movimento sobrenatural.
Em seguida,
ligaram um equipamento importante, o "sound box" - dispositivo que
analisa rapidamente várias frequências de rádio que (se você acredita
nestas coisas) cria uma fonte de energia que espíritos podem manipular
para se comunicar com os vivos.
Os caçadores identificaram um fantasma chamado Malcolm, que teria feito um pedido: "me ajudem".
"O paranormal se manifesta de várias formas", diz Leanne Baur, integrante da Dead of Night.
Independente
de você acreditar ou não nisso, algo é inegável: a procura por
assombrações voltou a ser assunto popular com o lançamento recente da
nova versão do filme Caça-Fantasmas.
Ficção e realidade
O filme é uma obra de ficção, mas a verdade é que existem milhares de equipes de caça-fantasmas em todo o mundo.
Segundo
a ParanormalSocieties.com, que afirma ter a maior lista de sociedades e
grupos de paranormais do mundo, os Estados Unidos são líderes no setor,
com mais de 3,6 mil integrantes registrados.
Para
se ter uma ideia da supremacia americana, o Canadá tem 53 grupos. O
Brasil tem apenas um, o Grupo de Investigação Mundo Paralelo, de São
Paulo.
"O lançamento do filme anima. E junto com os vários
programas de (investigação) paranormal na TV, dá uma boa ideia do nível
de interesse contínuo que está por aí", afirma a representante da Dead
of Night.
Ela esclarece, no entanto, que os caça-fantasmas da vida real não
vivem situações cheias de ação e perigos como a equipe do filme.
"O
que fazemos é um pouco diferente. Existe um aspecto muito sério, não
podemos capturar espíritos e não temos mochilas de prótons", diz a
especialista, se referindo ao famoso equipamento carregado pelas
personagens do blockbuster.
"Queremos ficar em paz com os espíritos."
Sem qualificação, sem pagamento
Não
é necessária uma qualificação formal para se transformar em um
investigador do universo paranormal. Também não são necessárias licenças
legais, e a pessoa sequer precisa acreditar em fantasmas.
Mas
antes que você transforme seu carro e já comece a pensar no tipo de
uniforme que vai usar, é bom saber que a maioria dos caça-fantasmas da
vida real não ganha nada para fazer o trabalho.
E isso acontece
pelo fato de suas descobertas serem abertas a várias interpretações -
você acredita em fantasmas ou não -, e porque eles não querem ter de
atender às expectativas do cliente.
"Em uma situação típica, as pessoas nos chamam porque querem que (a
resposta) seja algo, e eles podem não ter a resposta que desejam", diz
Spencer Chamberlain, fundador da East Coast Research and Investigation
of the Paranormal, uma empresa com base em Rockville, também em
Maryland.
"Mas se você está pagando para alguém chegar e falar que há um fantasma, eles vão te falar que há um fantasma."
Ao
não cobrar pela visita, grupos como o Dead of Night e o East Coast
Research afirmam poder ter os escrúpulos e a ciência como guias de suas
pesquisas.
Visitas
Os caça-fantasmas ganham dinheiro organizando eventos públicos, como visitas a locais que seriam assombrados.
A
equipe da Dead of Night faz isso na cidade histórica de Ellicott City,
em Maryland, há 18 meses - cobra US$ 15 (quase R$ 50) por pessoa e
costuma guiar grupos com no mínimo dez integrantes.
Baur afirma que o objetivo não é só divertir, mas também educar as pessoas a respeito de fenômenos paranormais.
Na Grã-Bretanha há o Dawn Till Dusk Events, que organiza visitas em todo o país.
A
cada fim de semana são dois ou três eventos, incluindo passeios por um
hospital abandonado em Liverpool, túneis desativados e uma antiga base
militar subterrânea em Worcestershire. Os preços variam entre 14 e 36
libras (de R$ 60 a R$ 278) por pessoa.
"Todo tipo de pessoa participa. Os mais assíduos são caça-fantasmas
entusiasmados, outros são levados pelos amigos e não acreditam e alguns
chegam desesperados para ver alguma coisa", disse Jessica Gladwin,
fundadora e dona do grupo.
Nos Estados Unidos, há outra forma de ganhar dinheiro procurando fenômenos paranormais: tendo seu próprio reality show.
É o caso de Elizabeth Saint, que diz ver fantasmas frequentemente desde quando era criança.
Ela
faz parte do grupo Maryland Paranormal Research e em 2015 foi escolhida
para fazer parte da equipe de três pesquisadores do programa Ghosts of Shepherdstown.
Sem 'limpeza'
A tarefa desses caça-fantasmas é ajudar pessoas ou empresas a descobrirem se realmente dividem o teto com um fantasma.
Mas eles não fazem "limpezas", ou seja, o despejo do espírito do local.
Esse
tipo de trabalho geralmente é feito por médiuns, pessoas que dizem
poder se comunicar com os mortos - e que costumam cobrar pelo serviço.
Marjorie Rivera, de 47 anos, defende essa cobrança.
"Pagamos
um eletricista para consertar a fiação, pois não mexemos com coisas que
não conhecemos. Eu trabalho com energia, como um eletricista", afirmou
ela, moradora da cidade americana de Pittsburgh e integrante de uma
família de médiuns e curandeiros.
"Percebi que fazer limpezas era
uma profissão especializada e que eu teria que ter treinamento (para
trabalhar), assim como um encanador e um eletricista. Então decidi
cobrar o que um encanador e um eletricista cobram, é assim que
estabeleço minhas taxas."
Descendente dos Kuna, um grupo indígena do Panamá e Colômbia, Rivera cobra US$ 150 (cerca de R$ 493) por visita.
Pelo visto, há mercado: pesquisas mostram que cerca de um terço das pessoas nos EUA e Grã-Bretanha acreditam em fantasmas.
E você, quem você vai chamar se ouvir algum barulho estranho no meio da noite?
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