Um grupo internacional de cientistas afirma ter descoberto um
raro tipo de pterossauro no oeste do Canadá. Enquanto a maior parte dos
pterossauros – um grupo de répteis voadores pré-históricos -, tem de
quatro a oito metros entre as pontas das asas abertas, o novo espécime
tem apenas 1,5 metro de envergadura.
De acordo com os autores do estudo, publicado nesta quarta-feira,
31, na revista Open Science, da Royal Society – a academia britânica de
ciências -, o novo animal tinha o porte de um gato, enquanto vários dos
demais pterossauros tinham o tamanho de uma girafa e, com as asas
abertas, alcançavam as dimensões de um pequeno avião.
O inusitado minipterossauro teria vivido no período Cretáceo
Superior, há aproximadamente 77 milhões de anos. Se a descoberta for
confirmada, o novo animal terá sido o primeiro pterossauro a ser
encontrado na costa oeste da América do Norte. Além disso, segundo os
cientistas, é a primeira vez que um conjunto de fósseis tão recente é
associado a pequenos pterossauros.
Os pterossauros são os primeiros vertebrados a desenvolver a
capacidade de voar e conviveram por cerca de 100 milhões de anos com
seus primos distantes, os dinossauros, até que todos fossem extintos no
fim do Cretáceo, há 66 milhões de anos.
O novo pterossauro, no entanto,
viveu há 77 milhões de anos, quando a maior parte dos répteis voadores
já havia sido evolutivamente substituída pelas aves, que começaram a se
diferenciar dos dinossauros há 165 milhões de anos.
O estudo foi realizado por cientistas da Inglaterra, Estados
Unidos e Canadá. Os pesquisadores encontraram fósseis correspondentes a
um úmero – um osso do braço -, vértebras dorsais e outros fragmentos.
Como os fragmentos eram muito esparsos, porém, os cientistas não
quiseram dar um nome ao animal – como é feito com as novas espécies -,
porque seria difícil provar com quais outros animais ele teria
parentesco mais próximo.
Os fósseis foram localizados em 2009, na ilha Hornby, que fica a
cerca de 100 quilômetros de Vancouver, na província canadense de British
Columbia. Segundo os autores, os fragmentos foram encontrados por um
colecionador e voluntário do Museu Royal British Columbia, que os doou à
instituição.
O novo animal pertence à família dos pterossauros Azhdarchidae,
um grupo de répteis voadores com asas curtas e desprovidos de dentes,
que dominou a fase final da evolução dos pterossauros.
Estudos anteriores sugeriam que os céus no fim do Cretáceo eram
ocupados apenas por pterossauros bem maiores, além de aves. A nova
descoberta, no entanto, indica que a diversidade desses animais naquele
período era maior do que se imaginava.
“(Descobrir) esse novo pterossauro é emocionante, porque isso
sugere que os pequenos pterossauros estavam presentes até o fim do
Cretáceo e não haviam sido vencidos na competição com as aves”, disse
uma das autoras do estudo, Elizabeth Martin-Silverstone, que faz seu
doutorado em paleobiologia na Universidade de Southampton, na
Inglaterra.
“Os ossos dos pterossauros são notoriamente mal preservados e
animais maiores parecem ter ficado mais bem preservados em ecossistemas
também existentes no fim do Cretáceo na América do Norte. Isso sugere
que a preservação de um pequeno pterossauro poderia ser muito rara, mas
não necessariamente que eles não existiram”, disse Elizabeth.
Pequenos e raros
De acordo com a pesquisadora, mesmo entre os pterossauros maiores
do fim do Cretáceo, há uma ausência de registros fósseis de pequenos
filhotes, o que seria uma evidência de um viés de má conservação entre
os pequenos pterossauros.
“É mais um elemento de um grande conjunto de evidências de que o
fim do Cretáceo não foi dominado por espécies gigantes e de que os
pterossauros menores podem ter sido bem representados nessa época”,
afirmou.
“Esse espécime está longe de ser o mais bonito ou mais completo
fóssil de pterossauro que veremos, mas ainda assim é um achado
emocionante e significativo”, disse outros dos autores, Mark Witton,
especialista em pterossauros da Universidade de Protsmouth (Reino
Unido).
De acordo com Witton, é raro encontrar fósseis de pterossauros
porque seus esqueletos são leves e se danificam facilmente depois da
morte dos animais. Os pequenos pterossauros são mais raros ainda.
“Mas por sorte, diversos ossos deste animal sobreviveram.
Examinando a estrutura interna dos ossos e a fusão de suas vértebras,
podemos concluir, apesar do tamanho pequeno, que o animal estava quase
completamente maduro. Por isso acreditamos que se trata de uma espécie
genuinamente pequena e não de um filhote de uma espécie maior”, explicou
Witton.
Fonte: Isto É
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