quarta-feira, 29 de abril de 2009

Estátuas de pedra guardam múmias no norte do Peru


Quando se pensa em um povo milenar do Peru e nas ruínas de sua civilização, a primeira coisa que vem à cabeça são os incas e Machu Picchu.

A força desse monumento é tanta que ofusca outras jóias, como Ayachaqui, um conjunto de sarcófagos deixados pelo povo chachapoya no nordeste do país, na Amazônia peruana.


Os soberanos chachapoya ficavam em lugares onde pudessem ter uma visão digna dos deuses


Os chachapoyas formavam uma nação pré-colombiana que construiu fortalezas em meio à selva. Após uma série de conflitos no século XV, ela acabou subjugada pelos inimigos incas, que ganharam não apenas o controle, mas também a fama.

A mais notável das fortalezas chachapoyas restantes é Kuélap, conhecida no jargão turístico como "Machu Picchu do norte", embora muito menos visitada do que a irmã inca por ser de difícil acesso.



Ayachaqui, ao norte da cidade de Lamud, é outro bom destino para quem quer se aprofundar na cultura desse povo, mas a viagem requer muito preparo físico.

Localizado 1.200 quilômetros a nordeste de Lima (capital do País), o sítio arqueológico foi descoberto só no final de 2005. Desde então, passou a receber alguns corajosos visitantes, que, para chegar lá, vencem dois dias de caminhadas por entre abismos, vales e montes.

O momento mais instigante da travessia é cruzar a cachoeira de Gocta, a terceira mais alta do mundo, com 771 metros.

O esforço compensa pela visão dos sarcófagos, que datam entre os anos 0 e 500 d.C. Medindo mais de dois metros cada, os túmulos são feitos de argila e decorados com pintura avermelhada.

São como estátuas encravadas na montanha, modeladas com traços quase infantis. A diferença é que cada uma preserva uma múmia em seu interior.



A tradição mortuária chachapoya previa que os seus reis fossem sepultados em lugares especialmente bonitos, como nessas colinas rochosas cobertas de vegetação.

O cuidado com a escolha do local permitiu que os túmulos fossem poupados dos ataques de caçadores de tesouros.

Com a preservação, os olhares hoje se cruzam: enquanto os visitantes levantam o queixo para admirar as esculturas, lá no alto, os soberanos continuam mirando imponentes a paisagem digna dos deuses.


Fonte: Terra

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