Os "elos perdidos" da história do grupo de peixes que se transformou em vertebrados terrestres são cada vez mais "elos achados". Cientistas acabam de anunciar a descoberta dos fósseis de mais um animal nesse estágio de transição, na Letônia. Batizado com o nome de Ventastega curonica, o animal foi descrito a partir de um crânio e outros três ossos.
Apresentado na edição de hoje da revista "Nature", o bicho preenche a lacuna entre o peixe Tiktaalik roseae, a forma intermediária entre peixes tradicionais e os primeiros vertebrados de quatro patas, ou tetrápodes, como o primitivo Acanthostega.
A descoberta de formas intermediárias é tradicionalmente prevista pelos biólogos evolucionistas. A sua suposta "raridade" no registro fóssil costuma ser criticada por grupos religiosos que não aceitam a evolução e defendem uma criação divina dos seres vivos.
Os biólogos demonstraram várias dessas formas intermediárias, mas a mais simbólica popularmente foi um "peixe de quatro patas" revelando a passagem dos vertebrados da água para a terra.
Per Ahlberg, da Universidade Uppsala (Suécia), e mais quatro colegas mostraram como o fóssil de Ventastega curonica_ tem um crânio que lembra um tetrápode primitivo, mas com proporções de um peixe.
A evolução dos peixes para os vertebrados terrestres ocorreu entre 360 milhões e 380 milhões de anos atrás, no Período geológico Devoniano. Não foi algo tão simples de acontecer --como seres vivos com nadadeiras que viviam em águas profundas puderam passar à terra e andar com patas?
O mais provável é que esses primeiros seres "anfíbios" tenham surgido em águas rasas e ambientes pantanosos. As adaptações necessárias ou úteis seriam a capacidade de respirar oxigênio do ar, olhos no alto da cabeça para enxergar tanto dentro quanto fora d'água e finalmente nadadeiras transformadas em patas para facilitar a locomoção terrestre.
Ahlberg e colegas afirmam que o Ventastega é uma boa forma intermediária --um bom "elo"- -entre Tiktaalik e Acanthostega por conta da sua mandíbula inferior semelhante à de um tetrápode, mas com dentição típica de peixes.
Mas eles ressalvam que os "elos achados" até agora também mostram considerável grau de diversidade de formas entre estes animais primitivos, o que torna mais difícil colocá-los numa árvore de "família".
Fonte: Folha Online
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