segunda-feira, 7 de julho de 2008

Cuidado, buraco negro à vista!


Isis Nóbile Diniz

No final da Segunda Guerra Mundial, cientistas europeus se uniram para fundar o Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), no início da década de 1950. Logo no início das pesquisas, os mesmos cientistas tiveram mais uma idéia. “Que tal criar um acelerador de partículas para entender a natureza primordial da existência?”, se entreolharam. Passadas cinco décadas de pesquisas, em 21 de outubro deste ano, o Large Hadron Collider (LHC) - em português, Grande Colisor de Hádrons - entrará em funcionamento.

A história sobre o LHC poderia ser um roteiro hollywoodiano de ficção científica, se não fosse verdade. Trata-se de um monstruoso acelerador de partículas, a maior obra de engenharia civil já feita. Ele tem 27 km de extensão que formam um anel e está construído a 100 m abaixo da paisagem bucólica campestre da França e da Suíça. Ao total, 20 países europeus já investiram 10 bilhões de francos suíços na construção. Outros países participarão das pesquisas como os Estados Unidos, Canadá, Japão, Índia, Paquistão e Brasil.

Do que o LHC é feito?

Ele é feito com 1.232 pólos magnéticos (tubos, como canudos um perto do outro), cada um mede 15 metros e pesa 25 toneladas. Preenchendo o interior dos tubos há 96 toneladas de hélio resfriado a -271°C, a menor temperatura que existe - a temperatura do Universo é -270,5ºC. Por onde passam esses tubos, no decorrer do túnel, existem quatro detectores: Atlas, A Large Ion Collider Experiment (Alice), Compact Muon Solenoid (CMS) e LHCb. O laboratório é o CERN.

Como ele funciona?

Todos os detectores analisarão os dados fornecidos pelos experimentos. Estes serão feitos com partículas – como os prótons - que viajarão até quase atingir a velocidade da luz, ou seja, 300 mil quilômetros por segundo. Em determinados pontos, elas se chocaram umas contras as outras podendo até formar minúsculos buracos negros.

Qual a finalidade do LHC?

A primeira é entender estrutura da matéria. Como subproduto também investigar de forma mais palpável como o universo foi formado; obter informações sobre o Big Bang; unificar – ou não – leis da física que não fazem sentido quando unidas; entender o que é a matéria escura e do que ela é feita; observar o Higgs, uma partícula que existiu na origem do universo e jamais foi vista, entre outros.

Por que sua inauguração foi adiada várias vezes?

A inauguração do LHC foi marcada, primeiramente, para maio deste ano. Foi adiada para junho e agora para outubro devido a um problema de resfriamento do hélio. Isso não é perigoso. Neste caso, o hélio é importante para o processo não perder energia durante o funcionamento.

É verdade que o LHC criará buracos negros?

Possivelmente. “Mas os pequenos buracos negros que podem, eventualmente, se formar não trazem perigo algum”, afirma a professora do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Maria Cristina Batoni Abdalla. Isso porque eles não tem estabilidade, ou seja, vão desmanchar sozinhos logo após serem criados. Assim, será impossível que ele “engula” toda a Terra acabando com a vida terrestre.

Como o LHC mudará o nosso cotidiano?

De acordo com Maria Cristina, os experimentos relacionados ao LHC podem trazer melhoras em diversas áreas do conhecimento científico e tecnológico que, conseqüentemente, atingirão nosso modo de vida. Por exemplo, em cinco anos nossa internet poderá ficar mais rápida. Novas terapias contra o câncer, menos invasivas e mais eficientes, poderão ser empregadas. Os lasers tenderão a melhorar. Entre outras descobertas que estão por vir.

Confira mais dados megalomaníacos da engenhoca:

10 mil físicos e engenheiros trabalham no CERN, entre eles, 68 brasileiros;
A energia das colisões é de 14 Tera elétronVolts (TeV = 1012 eV);
Dois meses são necessários para resfriar as 96 toneladas de hélio.

Fonte: IG Educação

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