segunda-feira, 11 de agosto de 2008

"MILAGRE DO SINO" COMPLETA 2 ANOS

Estátua do monsenhor Joaquim Alves Ferreira

Há exatos dois anos ocorria na vizinha Batatais um estranho fenômeno que até hoje não foi explicado - e que é tido por um conceituado sacerdote católico como um autêntico milagre. Às 11 horas do dia 3 de agosto de 2006, encerrada a primeira celebração do tríduo em homenagem a Bom Jesus da Cana Verde, padroeiro de Batatais, o sino da Matriz badalou.

Até aí, nada haveria de estranho. A não ser o fato de que, desde 2000, o sino estava quebrado. E que três diferentes relojoeiros, consultados, foram unânimes em afirmar que o maquinário tinha de ser desmontado, removido e consertado.

E que pouco antes, após 59 anos, os restos mortais de dois párocos haviam sido trasladados de um cemitério para um sepulcro na própria Igreja Matriz. Foi um milagre. Atende a todos os quesitos para ser considerado um milagre: foi um acontecimento verdadeiro, duradouro, espontâneo e instantâneo, afirma cônego Eloy Pupin, pároco emérito da Matriz. A história remonta à primeira metade do século 20.

Joaquim Alves Ferreira nasceu em 27 de outubro de 1880, em uma família de abastados fazendeiros. Ordenado padre aos 24 anos, tornou-se pároco da Matriz em 1909. Seu tio e homônimo, monsenhor Joaquim Alves Ferreira, falecido em 1898, havia sido pároco de 1867 até a morte. Em 2006, estávamos trocando o piso da Igreja quando os pedreiros acharam uma tumba.

Pesquisei e descobri que monsenhor Alves Ferreira havia sido sepultado inicialmente lá, tendo seus restos mortais sido transferidos para o cemitério Bom Jesus pelo sobrinho de mesmo nome em 1944. Dois anos depois, o sobrinho morre e é enterrado, como havia pedido, junto a seu tio, explica. Cônego Eloy Pupin decidiu então prestar uma homenagem aos dois, transferindo os restos mortais do cemitério para um sepulcro no interior da Matriz.


Moradores estão divididos

Entre os moradores de Batatais não é unânime a tese de que um milagre fez o sino quebrado da Igreja Matriz de Bom Jesus da Cana Verde voltar a funcionar.
Alguns acreditam, outros descrêem. Delair de Souza, 70 anos, morador de Batatais há 52, não tem dúvidas.

Foi um milagre, sim, não tem porque não acreditar. O monsenhor Joaquim Alves Ferreira era um homem muito bom, afirma.
José Aparecido de Souza, 76 anos, 74 deles passados em Batatais, conheceu em vida o próprio monsenhor Joaquim Alves Ferreira, suposto autor do milagre, e tem a mesma opinião.
O que aconteceu foi uma barbaridade. Fico até sem jeito de falar. Mas só pode ter sido um milagre, não há outra coisa para acreditar, argumenta.

Já o taxista José Antonio Carvalho, 48 anos, há doze trabalhando no ponto da praça Cônego Alves Ferreira, onde fica a Igreja Matriz de Bom Jesus da Cana Verde, não crê num milagre. Foi uma coincidência o sino voltar a bater justo no dia do sepultamento dos dois párocos. Foi uma grande coincidência, mas não passa disso, uma grande coincidência, e não um milagre, afirma Carvalho.




"Pároco diz que foi energia psíquica"

Cônego Eloy Pupin

O milagre que está completando hoje ( 03/08) dois anos teria ocorrido pontualmente às 11h da manhã do dia 3 de agosto de 2006. Às 9 horas daquela manhã deixamos o cemitério Bom Jesus levando os restos mortais dos dois antigos párocos.

Era o primeiro dia do tríduo
em homenagem a nosso padroeiro Bom Jesus da Cana Verde, que se comemora a 6 de agosto, recorda cônego Eloy Pupin. Colocamos as caixas na nova sepultura, que foi fechada com uma tampa de mármore. Encerrada a celebração, eu saí, parei ao lado da torre da Matriz, esperando companheiros que ainda estavam dentro da Igreja. De repente, após seis anos parado, o sino voltou a badalar, conta.

Milagre?
Mas quem fez o sino badalar?


Monsenhor Joaquim Alves Ferreira, o sobrinho. Não tenho dúvidas. A Física Quântica já provou que a energia nunca acaba no cosmo, apenas se transforma. Nós somos dotados de dois tipos de energia, a psíquica e a física. Essa acaba com a morte. A energia psíquica é dividida em duas, quantitativa e qualitativa. A primeira também extingue com a morte, o cérebro deixa de funcionar. Já a energia psíquica qualitativa corresponde à nossa alma, e ela é imortal, sustenta.
Ele se arma da Teologia para defender a tese.

A doutrina cristã já diz que a vida não termina com a morte, mas é transformada, comenta.
O pároco-emérito da Matriz de Bom Jesus da Cana Verde não tem dúvidas: quem fez o badalo do sino voltar a bater foi a energia psíquica de monsenhor Joaquim Alves Ferreira, morto sessenta anos antes, no distante ano de 1946.

Agradecimento

Eu acredito que o milagre foi uma espécie de agradecimento ao nosso gesto, de trasladar os restos mortais dele e do tio para a Matriz, diz o pároco emérito Eloy Pupin, que além dos cursos de filosofia e teologia, tem mestrado em parapsicologia.


Às vezes o sino da torre falha

O sino mais famoso da região foi doado à Matriz de Batatais pelo próprio monsenhor Alves Ferreira, pároco entre 1909 e 1946. A instalação aconteceu em 1928. São dois mecanismos diferentes, um para o relógio e outro para o sino.

Quando o sino parou de funcionar, em 2000, chamei três relojoeiros, dois de Batatais e um de Ribeirão, conta cônego Eloy. E os três disseram a mesma coisa, que o mecanismo é muito antigo e os pinos estavam gastos.

Falaram que precisava desmontar tudo e levar para conserto. Como o relógio continuava marcando as horas, deixei daquele jeito, recorda.
Freqüentadores da praça da Matriz disseram que o sino continua a bater, mas que, às vezes, falha. Se o sino parar de vez, não tem problema, o milagre já aconteceu, diz o cônego emérito.

Fonte: A Cidade

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