A sonda espacial Cassini praticamente confirmou que uma das luas de Saturno, Encélado, tem água debaixo da superfície ao revelar a existência de quatro jatos supersônicos de vapor d'água dentro de um gêiser localizado no pólo sul do satélite.
A água líquida --que sempre leva à especulação sobre a existência de alguma forma de vida-- já tinha sido considerada inviável em Encélado, que tem apenas 500 km de diâmetro e uma superfície com -200ºC.
O reforço à hipótese contrária agora está descrito em estudo na revista "Nature" liderado por Candice Hansen, do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia).
"Os jatos de vapor saem com uma velocidade supersônica, o que é consistente com um modelo que postula que o vapor vem de água líquida debaixo da superfície, através de canais, como esguichos", disse Hansen à Folha.
"Há também metano vindo com o gêiser, por isso dizemos que há compostos orgânicos simples."
Segundo a cientista, Encélado está cuspindo tanto material do seu interior que uma sonda mais moderna, no futuro, pode tentar achar sinais diretos de vida.
A primeira observação do gêiser já havia sido feita pela Cassini em 2005. O vapor escapava de fissuras na superfície.
Os cientistas especularam que o calor interno da pequena lua viria de oscilações no chamado efeito de maré --distorções causadas pela gravidade do planeta que ela orbita. Uma segunda observação permitiu produzir novas conclusões.
O efeito de maré varia com a posição de Encélado em sua órbita em Saturno. A oscilação modificaria a largura das fissuras da crosta da lua e afetaria a quantidade de água expelida. Do mesmo modo, o jato d'água duma mangueira vai mais longe quando apertamos sua boca.
Os jatos supersônicos descobertos agora, porém, contrariam previsões feitas sobre o comportamento do gêiser, mas um novo modelo teórico "poderá resolver a discrepância", dizem os autores do estudo.
Fonte: Folha Online
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