terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Pesquisadores descobrem laços genéticos entre peruanos e japoneses

Ainos

A descoberta de vínculos genéticos entre antigos peruanos da cultura Mochica (anterior à civilização Inca), com um milenar povo japonês chamado Aíno confirma a teoria de que os povos da Ásia contribuíram com a criação da civilização do Novo Mundo.

Esses vínculos genéticos entre peruanos e japoneses da antiguidade foram descobertos nas pesquisas do antropólogo físico e especialista em DNA antigo, o japonês Ken-Ichi Shinoda, e o arqueólogo peruano Carlos Elera, diretor do Museu Nacional de Sicán.

"Esse trabalho é absolutamente válido. Desta forma, a informação está se completando por meio da pesquisa genética, o que confirma uma série de hipóteses científicas que se encontravam num nível especulativo", afirmou o arqueólogo Luis Guillermo Lumbreras, quando consultado sobre a importância do estudo.

Shinoda e Elera fizeram nos Estados Unidos, durante três anos, análises de DNA com amostras obtidas de tecidos de humanos que habitaram há 1.100 anos na costa norte do Peru, pertencente à cultura Sicán, com influência mochica, no departamento de Lambayeque, 750 km ao norte de Lima.

Guerreiro Mochica

Os resultados das análises foram comparados com amostras tiradas de pessoas de países asiáticos, o que levou a uma comprovação surpreendente dos vínculos genéticos entre os antigos moradores de Sicán com o povo japonês Aíno, que forma parte da cultura japonesa.

Lumbreras assinalou que os questionamentos em torno do DNA dão apoio à teoria de imigração há 12 mil anos de populações asiáticas para o continente americano.

O povo Aíno, segundo explicou, se encontra desde tempos imemoriais no norte do Japão, na ilha setentrional de Hokkaido, de onde puderam chegar às ilhas Aleutianas e à península russa de Kamchatka, para depois passar para a América do Norte pelo estreito de Behring.

A arqueóloga Ruth Shady, que descobriu a cidade de Caral (100 km ao norte de Lima), considerada mais antiga da América, afirma que muitas das coisas compartilhadas entre as populações americanas e asiáticas são efeito das emigrações da Ásia para o continente americano.

Shinoda e Elera anunciaram que suas pesquisas continuarão com novos testes, que serão feitos com descendentes de mochicas que trabalham no projeto arqueológico de Sicán e com descendentes vivos de antigas culturas da Ásia --em especial a aína.

"Isso revelará o vínculo genético entre estes povos muito distantes geograficamente e que, na antiguidade, estabeleceram relações comerciais através do mar", afirmou Elera.

O objetivo é demonstrar como as populações da Ásia chegaram à América e que tiveram contato com a coletividade Sicán há 1.100 anos.

Os aínos são um povo aborígene do arquipélago japonês, quase exterminado.


Fonte: Folha Online


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