Um estudo genético que analisou a presença de seis retrovirus endógenos no genoma de 1.362 ovelhas de 133 raças domésticas de Europa, Ásia e África e seus parentes selvagens mais próximos confirmou que a domesticação da espécie aconteceu em duas fases diferentes.
Com o trabalho, foi possível "desvendar o questionamento da história da domesticação da ovelha" ao se confirmar geneticamente as hipóteses tidas até agora por historiadores e arqueólogos a respeito. A pesquisa foi realizada por um consórcio internacional e publicada na revista "Science".
De acordo com o veterinário geneticista Félix Goyache, do Serviço Regional de Pesquisa e Desenvolvimento Agroalimentar de Astúrias (Serida), um dos envolvidos no estudo, até agora "não se sabia onde se iniciou a domesticação da ovelha para obter produtos inovadores como a lã e também não existiam marcadores genéticos apropriados para distinguir as raças de ovelhas primitivas de outras mais modernas".
Estas são algumas das conclusões da pesquisa, financiada fundamentalmente pelo Conselho de Pesquisas de Ciências Biológicas e Biotecnologia do Reino Unido (BBSRC) e Wellcome Truste.
Para Goyache, o estudo "é de grande relevância já que une disciplinas aparentemente afastadas como a virologia, a genética, a evolução, a história e a arqueologia".
"Os retrovirus endógenos podem ser comparados com fósseis genéticos, relíquias de antigas infecções que ocorreram na ovelha e seus ancestrais há milhares de anos, integrando seu DNA no código genético dos animais infectados, e transmitindo às gerações posteriores", diz Goyache.
Com o estudo, foi confirmado que grande parte das ovelhas produtoras de lã ou de leite existentes hoje são resultado de uma segunda domesticação da espécie, posterior à uma outra, que inicialmente estava centrada em aproveitar a carne dos exemplares domesticados pelas povoações humanas do período Neolítico.
O pesquisador conta que, historicamente, a domesticação desses animais é "um fato fundamental da humanidade", ocorrido há aproximadamente 11 mil anos no Sudoeste da Ásia, para expandir-se depois para a Europa e o resto do mundo.
Fonte: Folha Online
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